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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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As distorções de conceitos do ministro Marcelo Queiroga

Usar de forma equivocada conceitos consagrados e alinhar-se sempre ao presidente não é a melhor forma de agir ou de preservar sua reputação

Por Maílson da Nóbrega 22 dez 2021, 19h44

O Dr. Marcelo Queiroga é um cardiologista respeitado em João Pessoa (PB), onde nasceu, e no Brasil. Tornou-se presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Não foi pouco. Sua capacidade de relacionamento contribuiu para que ele se tornasse o terceiro ministro da Saúde do presidente Jair Bolsonaro.

No cargo, todavia, o ministro Queiroga se transformou. Virou um seguidor incondicional do presidente. Não que ele devesse agir como um adversário. Na sua função política, pode ceder aqui e ali a visões do presidente, desde que não ponha em risco as políticas da pasta e sua própria reputação profissional. Engolir sapos vez por outra é típica do cargo. Não é isso, todavia, o que acontece. Queiroga se alinha incondicionalmente a tudo que Bolsonaro pensa, fala e brada. Reage inadequadamente ao assédio da imprensa ao presidente, como no gesto obsceno aos repórteres em Nova York.

Posou de liberal extremado ao repetir uma frase sem sentido de Bolsonaro contra o passaporte de vacina, regra que se tornou comum mundo afora. Seguiu Bolsonaro ao afirmar que preferia a morte à perda da liberdade. Como se sabe desde o Iluminismo, a partir do século XVIII, a liberdade e os direitos individuais não são absolutos.

Esses dois conceitos não podem superpor-se à liberdade e aos direitos dos outros, isto é, da comunidade. O cinto de segurança serve não apenas para proteger motoristas e passageiros, mas também pessoas que possam ser atingidas por eles em caso de acidentes. A exigência de certificado de vacinação contra a febre amarela é aceita como uma obrigação natural em todo o mundo.

Queiroga apoiou a posição de Bolsonaro em defesa da divulgação dos nomes dos servidores da Anvisa que autorizaram a aplicação da vacina em crianças de cinco a dez anos. Qual o objetivo? Induzir pais enraivecidos e idiotas, para que ameacem esses funcionários, como o fez um cidadão que prometeu matar os técnicos da Anvisa que autorizassem a vacinação de seu filho?

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Queiroga justificou a atitude do presidente. Para ele, é normal exigir a divulgação dos nomes. Invocou a regra constitucional da publicidade dos atos do governo. Errou novamente. A publicidade tem a ver com os textos – leis, portarias, resoluções, circulares e outros – e não com quem os formula e assina. Se fosse assim, seria preciso divulgar sempre os nomes de todos os senadores e deputados que aprovam textos legislativos.

Agora, Queiroga demora na definição do uso de vacinas em crianças. Isso para concordar com a posição de Bolsonaro, contrária à medida. Recorreu a um velho ditado: “a pressa é inimiga da perfeição”. Acontece que a pressa é plenamente justificável em certas situações, como na necessidade de proteger esse segmento da população, que pode contrair a variante Ômicron da Covid-19. Vidas estão em jogo.

Queiroga faria bem, a si e ao presidente, se divergisse de Bolsonaro nas inúmeras vezes que o presidente se antepõe ao bom senso e à ciência. Faria bem ao governo, ao país e à sua reputação.

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