A produtividade é a fonte básica do crescimento econômico, o que já era destacado em 1776 por Adam Smith no livro A Riqueza das Nações. Ele citou uma fábrica de alfinetes onde os trabalhadores se especializavam em tarefas específicas. A eficiência aumentava. A divisão do trabalho elevava a produtividade, fomentando o progresso.
A produtividade é, pois, essencial para a expansão do PIB, do emprego e da renda. Para o economista americano Paul Krugman, “a produtividade não é tudo na economia, mas no longo prazo é quase tudo”. Sua elevação depende de muitos fatores, tais como a qualidade da educação, o uso dos recursos em seus melhores fins (a chamada “boa alocação”), o avanço tecnológico (fonte básica das inovações) e a adequada operação da logística. Do lado oposto, a inflação, a corrupção e os gastos públicos excessivos, que podem levar à insustentabilidade fiscal, geram ineficiências. Conspiram contra a produtividade.
A produtividade raramente frequenta os documentos do PT. A economia seria impulsionada pelos gastos públicos. “Gasto é vida”, assinalou a ex-presidente Dilma Rousseff. Seu desprezo pela responsabilidade fiscal legou um desastre econômico que ainda hoje ecoa, mas suas consequências — inflação, recessão e desemprego — não serviram de lição. O PT continua aferrado a essa ideia. Pior, acredita que o Banco Central deve obediência ao governo, cabendo-lhe reduzir a Selic para fazer o PIB crescer.
“A produtividade não frequenta os documentos do PT. A economia seria impulsionada pelos gastos públicos”
A fé no gasto público é o que move o Novo PAC. O programa prevê investimentos de 1,7 trilhão de reais nos próximos anos. Seus objetivos são promover o crescimento econômico e assegurar a vitória nas eleições de 2024 e 2026. Não à toa, o presidente Lula planeja inaugurar obras do PAC Brasil afora. Confia que o eleitorado reagirá bem a ações do governo em seus respectivos municípios.
Há que reconhecer, tais investimentos podem elevar a produtividade, particularmente os que objetivam melhorar o sistema de transporte. Mas sua força não é tão grande se considerarmos que representarão, em média, pouco mais de 0,3% do PIB ao ano no atual governo. Ademais, de acordo com o novo arcabouço fiscal, será necessário promover corte de gastos, mesmo que insuficiente para resolver a insustentável situação fiscal.
Isso foi, todavia, o bastante para despertar a ira do PT. Afinal, reduzir gastos é atacar a “fonte” do crescimento. Em resolução de 8 de dezembro passado, o Diretório Nacional do partido voltou-se contra o “austericídio” fiscal do ministro Fernando Haddad.
Ao lado do partido peronista argentino, o PT é a única agremiação relevante de esquerda que não modernizou seu discurso econômico. Os demais, como é o caso dos europeus, aderiram ao binômio democracia-economia de mercado, sob forte regulação do Estado. Pelo que se tem visto de declarações como essa e do próprio Lula, o partido está longe de abandonar ideias econômicas arcaicas que podem, se adotadas, inibir o crescimento do país.
Publicado em VEJA de 2 de fevereiro de 2024, edição nº 2878