Após gravação de Temer, relator suspende Reforma Trabalhista
Senador do PSDB, Ricardo Ferraço defende que prioridade do Congresso Nacional é dar uma solução para a crise institucional
O discurso de aliados do presidente Michel Temer, de que as revelações da delação premiada do empresário Joesley Batista não vão comprometer o andamento das reformas econômicas, começou a ruir. No final da manhã desta quinta-feira, o relator da Reforma Trabalhista no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), anunciou, em nota à imprensa, a suspensão da tramitação do projeto no Congresso até a conclusão da crise institucional.
“A crise institucional que estamos enfrentando é devastadora e precisamos priorizar a sua solução, para depois darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma trabalhista”, afirmou o parlamentar. Ferraço acrescentou que “não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário.”
Projeto com fortes resistências de sindicatos e movimentos sociais, a reforma consiste em um conjunto de medidas de alteração da legislação trabalhista, centrado no privilégio das negociações entre patrões e empregados, que passariam a ter valor de lei. Ao lado da Reforma da Previdência, é uma das propostas-símbolo do governo do presidente Temer.
Nesta quarta-feira, o jornal O Globo divulgou trechos da delação premiada de Joesley Batista, do grupo JBS. O empresário entregou aos procuradores uma gravação em que o presidente da República dá aval ao pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que ele não fizesse um acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato.
Temer também é acusado de ter indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como o recebedor de vantagens ilícitas supostamente associadas a um benefício concedido pelo presidente para a JBS. Rocha Loures foi gravado pela Polícia Federal recebendo uma mala da empresa contendo 500 mil reais.