Os juros fizeram a bolsa derreter e o dólar passar de R$ 5,40
VEJA Mercado: ata do Copom preocupa em um cenário internacional já instável; dólar tem maior cotação desde maio
VEJA Mercado | Fechamento | 28 de junho.
Seja no Brasil ou nos Estados Unidos, os juros se transformaram em uma dor de cabeça para os que investem em bolsa. Hoje, o mau humor foi global. O Fed, o banco central americano, tem indicado, cada vez mais, que vai mexer nos juros. A inflação por lá que antes era temporária, depois, transitória e, agora, preocupante, segundo Jerome Powell, presidente da instituição, deve fazer o banco antecipar a subida de juros para o final de 2022. O Fed tem acenado para essa possibilidade desde semana passada, mas o mercado ainda não tinha captado o real risco dessa mensagem. Para piorar, a ata da última reunião do Copom reforçou a mensagem do BC brasileiro de que a inflação será combatida a ferro e fogo, custe o que custar, mesmo que isso provoque juros ainda mais elevados. O Ibovespa fechou em queda de 3,05%, a 110.123 pontos.
Hoje, mais uma vez, o setor que mais sentiu o baque dos juros foi o de tecnologia. “Há receio em relação à mudança de política monetária nos EUA, a um crescimento mais modesto da China e à curva de juros no Brasil. A ata do Copom foi muito dura nesse sentido, e os mais pessimistas já apontam para uma Selic batendo os dois dígitos”, diz Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos. Banco Inter e Méliuz recuaram 11,82% e 8,65%, respectivamente. O pregão não foi positivo também para as mineradoras e siderúrgicas, seja pelo recuo do minério lá fora como pelo acidente envolvendo os trabalhadores da Vale no Canadá. As ações da companhia fecharam em queda de 5%, enquanto CSN e Usiminas caíram 7,84% e 7,27%, respectivamente.
Com a bolsa em queda e o juro em ascensão, o investidor corre para o dólar e a renda fixa. O juros futuros para 2031 já ultrapassam os 11% e a moeda americana fechou em nova alta, de 0,85%, a 5,42 reais, o maior valor desde maio.