Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

Pensando dentro e fora da caixa

Precisamos evitar o despertar lento e inconsistente da economia

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 14h16 - Publicado em 12 jun 2020, 06h00

Caso seja mantida a abordagem “meio barro, meio tijolo” no combate do problema econômico gerado pela Covid-19, o Brasil não sairá da pandemia de forma rápida nem intensa. É claro que alguns setores podem despertar fortes e dinâmicos na cena pós-pandemia. Uns serão seriamente atingidos e outros, devastados. Mas, no geral, o cenário aponta para um despertar lento e inconsistente se nada for feito.

ASSINE VEJA

Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena
Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena O início da reabertura em grandes cidades brasileiras, os embates dentro do Centrão e a corrida pela vacina contra o coronavírus. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine

O que limita a intensidade da nossa retomada? Dois fatos são claros. O primeiro se refere às escolhas que estamos fazendo, que revelam que o Brasil ainda não acordou para a gravidade do problema. As medidas adotadas podem, no máximo, reduzir a intensidade da queda, mas não propiciam uma retomada. Principalmente pelo tamanho dos problemas que já existiam antes da pandemia. O segundo fato refere-se à contaminação das expectativas pela crise política, aliada à ausência de uma comunicação estratégica com a sociedade por parte das autoridades.

O que fazer? As medidas adotadas, algumas louváveis, como o “coronavoucher”, devem ser gradualmente substituídas por programas de geração de emprego. Recursos devem ser alocados para garantir o crédito necessário aos investidores. Apesar de o governo não gostar da expressão Plano Marshall, vamos precisar de um plano, e algumas vertentes dele são cristalinas. Temos mais de 14 000 obras públicas paradas em todo o país. Temos um programa de saneamento de amplitude nacional a ser implantado e diversas concessões e privatizações a ser realizadas. Podemos, ainda, investir na urbanização de favelas e comunidades. Tudo gerando emprego, renda e impostos. São medidas que fazem a economia girar e voltar a funcionar, além de diminuir o desemprego. A prometida desburocratização do sistema tributário ainda não aconteceu. Com ela a economia poderia ganhar vitalidade.

Continua após a publicidade

“O mercado deveria se preocupar com a intensidade da crise, que pode destruir instituições”

A preocupação da maioria no mercado é com relação ao aumento da dívida pública e, consequentemente, à perenidade dos gastos públicos. Na verdade, o mercado deveria se preocupar com a intensidade da crise econômica, que pode destruir instituições e abalar a própria democracia.

A existência da nossa democracia também está ligada à qualidade das nossas expectativas. Esse é o outro fato que devemos considerar. Infelizmente, o noticiário está sendo poluído por notícias que refletem crises relevantes. E crises de narrativas alimentam novas crises. Está havendo uma perversa dinâmica “retroalimentadora” de crises a partir de problemas reais e de conflitos periféricos para o momento.

Continua após a publicidade

O noticiário reflete também uma guerra cultural declarada desde as eleições e que envolve conflitos institucionais — governo versus imprensa — e disputas entre poderes. Para alguns, dentro e fora do governo, a guerra cultural é mais importante que a guerra contra o novo coronavírus e contra os efeitos dramáticos da crise econômica que já estamos vivendo.

O Brasil, lamentavelmente e até agora, está cumprindo o que disse Roberto Campos: não desperdiçamos a oportunidade de perder oportunidades. A crise representa um desafio e uma oportunidade e exige que se pense dentro e fora da caixa. Até agora estamos pensando mal dentro das nossas caixinhas, o que não atende aos nossos interesses maiores.

Publicado em VEJA de 17 de junho de 2020, edição nº 2691

Continua após a publicidade
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.