Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Presidentes não devem comemorar altas na Bolsa

Mercados acionários não refletem, necessariamente, o desempenho da economia e a condução da política econômica. Podem mudar inesperadamente

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 3 jun 2021, 11h48 - Publicado em 3 jun 2021, 10h39

No seu pronunciamento de ontem, o presidente Jair Bolsonaro comemorou o nível recorde alcançado na B3, a bolsa de valores. O resultado teria sido, imagina-se, uma demonstração de confiança na economia (o desempenho favorável do PIB) e na política econômica do governo. Isso não é recomendável a um líder político.

O mercado de ações é por natureza volátil e reage a um amplo conjunto de fatores e não apenas a um resultado favorável da economia. Daqui a algum tempo, um evento qualquer, digamos vindo do exterior, pode reverter a tendência e provocar quedas nas ações de empresas que compõem o índice da B3. Isso nada teria a ver com o desempenho do PIB nem como a política econômica. Nesse caso, para ser coerente, Bolsonaro deveria falar em rede nacional lamentando a perda de confiança no país.

Muitos analistas duvidam da sustentabilidade dos atuais resultados da bolsa de valores. Eles estão menos associados aos fundamentos da economia – potencial de crescimento, elevação dos níveis de emprego, finanças públicas sustentáveis, inflação sob controle e outros indicadores que permitem projetar cenários em que as empresas irão faturar mais e elevar seus lucros. A perspectiva de alta na rentabilidade das empresas cotadas em Bolsa é um dos fatores básicos que animam os investidores a fazer suas apostas.

Embora a economia mundial esteja em forte recuperação, o que justificaria a atual euforia do mercado acionário mundo afora, existe a percepção de que esse comportamento reflete a elevada liquidez dos mercados globais – que leva os mercados a serem complacentes com riscos – e o nível baixo das taxas de juros. Isso induz investidores a buscar aplicações de maior rentabilidade, investindo mais em ações.

Continua após a publicidade

Analistas mais conservadores chegam a falar em uma bolha especulativa que poderia estourar a qualquer momento. Uma crise política grave, guerras, resultados econômicos desfavoráveis, derrotas do governo no Congresso e outros acarretariam o estouro da bolha e quedas espetaculares dos preços das ações. Não estamos perto desse cenário desfavorável para a B3, mas, se acontecer, Bolsonaro terá que confiar no esquecimento do que ele falou à Nação e lamentar, calado, o desmentido de sua afirmação superotimista desta quarta-feira, 2.

Presidentes sensatos ou bem-informados não se aventuram a comemorar publicamente o desempenho das ações nas bolsas de valores.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.