Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Conteúdo para assinantes
Continua após publicidade

Guedes e a casta do funcionalismo público

Os privilégios atribuídos aos servidores públicos são injustificados e merecem ser revistos, mas não é apropriado chamá-los de parasitas

Por Maílson da Nóbrega
Atualizado em 10 fev 2020, 13h18 - Publicado em 10 fev 2020, 12h09

Ao referir-se aos privilégios dos servidores públicos, entre os quais reajustes generosos de salários, vantagens nas aposentadorias, férias de sessenta dias para algumas categorias e estabilidade no emprego, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que “o hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega ao povo e ele quer aumento automático”.

Mesmo que extraída do contexto em que o ministro apontava inaceitáveis vantagens de que goza o funcionalismo público, a frase chocou. Não à toa, as corporações do funcionalismo e parlamentares da oposição reagiram, em grande parte com linguagem agressiva e injustificável. Guedes havia recorrido à definição biológica do termo “parasita”, que o dicionário Houaiss classifica como “o organismo que vive de outro organismo, dele obtendo alimento e não raro causando-lhe dano”. Não parece ser o caso.

Claro, existem servidores desidiosos que pouco se dedicam e se valem de atestados médicos para faltar ao serviço. São conhecidas as faltas de professores nas escolas públicas. Mesmo assim, eles são promovidos, ganham reajustes salariais acima da inflação e não exercem o dever de bem servir à sociedade que lhes remunera. Mas estes são, felizmente, uma minoria.

Não se pode, pois, tachar de parasitas os funcionários que se dedicam adequadamente a bem servir o país. São os milhões de professoras e professores que dão aulas país afora, em condições nem sempre satisfatórias. São os militares e os funcionários da Funai e do Ibama, que prestam serviço em regiões distantes, às vezes inóspitas. São os funcionários do próprio Ministério da Economia, que cuidam da gestão da receita federal, das atividades do Tesouro Nacional e dos desafios da Procuradoria da Fazenda Nacional.

Continua após a publicidade

O ministro poderia ter usado a palavra “casta”, sem medo de errar e de enfrentar ataques de associações de servidores e de políticos oportunistas. Ainda segundo o Houaiss, uma das definições de “casta” é “o grupo que se destaca dos demais por características comuns”, o que cabe perfeitamente nas diferenças de tratamento entre o funcionalismo público e os trabalhadores do setor privado, que nem de longe usufruem dos altos salários e das aposentadorias camaradas, mesmo que tenham a mesma qualificação e responsabilidade semelhantes.

É por isso que não pode tardar uma reforma administrativa, a qual, a par de valorizar o verdadeiro servidor público e de garantir direitos, promova uma revolução no serviço público brasileiro. É o que fizeram a China dois séculos antes de Cristo, a França e a Alemanha no século XVIII e o Reino Unido no século XIX. Registre-se que tais reformas explicaram grande parte das razões por que esses países enriqueceram. Estamos, como se vê, muito atrasados.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.