Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS

COP30: Aliança global pelo fim do carvão ganha peso com adesão da Coreia do Sul

Seul tenta ganhar protagonismo justamente quando a COP30 busca um consenso para definir um roteiro de eliminação gradual dos combustíveis fósseis

Por Ernesto Neves Atualizado em 17 nov 2025, 14h22 - Publicado em 17 nov 2025, 13h52

A decisão da Coreia do Sul de ingressar na Powering Past Coal Alliance (PPCA), grupo internacional que defende a eliminação gradual do carvão, acrescentou novo peso às discussões da COP30, que entra em sua fase final em Belém marcada por disputas intensas sobre o futuro dos combustíveis fósseis.

O anúncio, feito durante a conferência, fortalece a tentativa de diversos países de transformar o encontro no Brasil em um ponto de inflexão no combate ao aquecimento global, mesmo diante da forte resistência de grandes produtores de petróleo e gás.

Um gesto estratégico em meio ao impasse global

Ao declarar que pretende apoiar uma transição global longe do carvão, Seul busca se posicionar como ator relevante em um momento em que a COP30 tenta construir consenso sobre um “roteiro” para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, proposta defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ainda longe de ser unânime.

A Coreia do Sul, que figura entre os maiores importadores de carvão térmico do mundo, vinha sendo cobrada por uma posição mais clara sobre o tema. A adesão à PPCA funciona como sinal político de que o país reconhece a necessidade de acelerar a transição, tanto por motivos econômicos quanto geopolíticos.

Metas mais ambiciosas e o desafio doméstico

Na semana anterior à conferência, o governo de Lee Jae Myung atualizou sua meta climática: promete reduzir entre 53% e 61% de suas emissões até 2035, em relação a 2018.

A adesão à PPCA consolida o compromisso de não construir novas usinas a carvão sem abatimento de emissões e de encerrar as já existentes.

Segundo a aliança, 40 das 62 usinas sul-coreanas têm previsão de fechamento até 2040.

Continua após a publicidade

As demais passarão por consulta pública, um processo que deve enfrentar resistência de setores industriais e regiões altamente dependentes da cadeia do carvão.

Mesmo com esses compromissos, o país chega à COP30 com uma matriz elétrica ainda dominada por combustíveis fósseis: 58% da energia gerada em 2024 veio de fontes fósseis.

Sinal para Lula e para o debate do “phase-out”

A decisão de Seul também tem um efeito simbólico para o Brasil. Lula tenta deixar como legado da conferência um acordo politicamente robusto para tirar do papel a promessa feita em Dubai, na COP28, de iniciar a transição global para longe dos combustíveis fósseis até 2050.

Embora o tema não esteja na mesa de negociações formais, onde qualquer país pode vetar avanços, os anúncios paralelos reforçam a ideia de que o alinhamento internacional está se ampliando.

Ainda assim, o cenário permanece tenso. Países como Arábia Saudita e Rússia continuam a bloquear qualquer menção explícita ao “phase-out” de petróleo, gás e carvão.

Continua após a publicidade

Delegados envolvidos nas negociações afirmam que a adesão da Coreia do Sul à PPCA, embora significativa, não altera o fato de que bastaria um único veto para inviabilizar o consenso.

COP30 busca entregar um sinal político, mesmo sem consenso obrigatório

Na COP30, documentos considerados não vinculantes, como agendas paralelas de ação, podem ganhar relevância como forma de contornar o bloqueio de países que dependem fortemente dos combustíveis fósseis.

Continua após a publicidade

Para analistas, a entrada da Coreia do Sul no grupo anticarvão reforça esse tipo de diplomacia incremental.

O movimento também pressiona outros grandes consumidores de carvão da Ásia, como Japão e China, a justificarem uma postura mais cautelosa frente ao apelo global por uma transição mais rápida.

O que está em jogo

Para parte dos negociadores, a adesão sul-coreana demonstra que a transição energética, antes vista como sensível para economias asiáticas, começa a ganhar tração em um momento decisivo das negociações.

Mas para outros, o anúncio sublinha a contradição do cenário global: enquanto algumas economias avançam no abandono do carvão, países-chave na COP30 seguem bloqueando o debate sobre um acordo mais amplo para limitar a produção de todos os combustíveis fósseis.

No último dia da conferência, a pressão deve aumentar tanto sobre os países que defendem metas mais ambiciosas quanto sobre aqueles que insistem em manter o ritmo atual. A decisão sul-coreana, porém, já coloca mais um peso político na balança.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

O mercado não espera — e você também não pode!
Com a Veja Negócios Digital , você tem acesso imediato às tendências, análises, estratégias e bastidores que movem a economia e os grandes negócios.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.