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Reforma antecipada

Escolas particulares — e até universidades — já começam a pôr em prática as mudanças do currículo do ensino médio que devem entrar em vigor apenas em 2020

Por Luisa Bustamante Atualizado em 20 out 2017, 16h56 - Publicado em 20 out 2017, 06h00

O projeto do Ministério da Educação para mudar o currículo do ensino médio só deve ser plenamente adotado em 2020, mas a chacoalhada que está por vir teve efeito imediato em um mercado que movimenta 60 bilhões de reais por ano. Ciosas de seu selo de qualidade, escolas particulares de renome vão adotar já no ano que vem uma grade mais flexível e prática nas últimas séries, nos moldes do que prevê a reforma. Até grandes grupos universitários, donos de redes de escolas de ensino médio, estão se mexendo para atuar com vigor, de olho em um contingente que, espera-se, crescerá com a implantação de um currículo mais atraente e diversificado.

No novo currículo do ensino médio, o percurso de matérias não será igual para todos, como hoje. Cada aluno poderá selecionar parte das disciplinas conforme seu gosto e aptidão. Antecipando-se à reforma, colégios como Bandeirantes, Santa Cruz e Móbile, todos na lista dos mais bem cotados de São Paulo e em acirrada competição para manter-se no topo, já estão adaptando a grade, ainda engessada pelo enciclopédico currículo em vigor. Vão adicionar pílulas do que será a escola com a reforma, de viés mais prático nas aulas de ciências, por exemplo, com o uso de equipamentos de ponta. A nova escola oferece aos estudantes, em regime de período integral, um cardápio de matérias eletivas e facultativas para aprofundar o aprendizado de temas específicos. No Bandeirantes, as eletivas estarão à disposição já em 2018, no 2º e no 3º anos do ensino médio. “A mudança no currículo dá ao estudante mais envolvimento na vida escolar”, avalia Mayra Lora, diretora pedagógica do colégio.

O aluno que não quiser fazer faculdade poderá optar pela via dos cursos profissionalizantes, a principal arma do MEC para combater a evasão galopante de quase metade dos estudantes. É justamente neles que algumas universidades privadas estão de olho. O grupo Estácio, do Rio de Janeiro, vai abrir no ano que vem sete unidades de ensino médio com mensalidades entre 600 e 700 reais e foco no currículo prático e na formação profissional técnica. “Trata-se de um nicho que vai se firmar com a reforma”, diz Pedro Thompson, presidente da Estácio.

Seu maior concorrente, o gigante Kroton — quase 1 milhão de universitários e 220 000 matrículas no ensino básico — está pondo em prática um plano de aquisição de dezesseis escolas. Os alvos são colégios de qualidade reconhecida, segmento que responde por 40% do mercado da educação privada nessa etapa. “Queremos adquirir marcas renomadas e expandi-las, abrindo novas unidades”, afirma o vice-presidente da Kroton, Mário Ghio. As conversas estão avançadas em pelo menos três frentes, uma delas a Somos Educação, das redes pH e Anglo.

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Os grupos universitários particulares têm um forte motivo para apostar na atração de alunos do ensino médio: a inédita curva para baixo de seu antes pujante negócio. Em 2016, segundo dados do Inep, o órgão de estudos educacionais do MEC, o total de alunos nas universidades privadas caiu pela primeira vez em 25 anos, ficando em 6 milhões. As universidades, querendo que esse número volte a crescer, desejam atrair para suas salas de aula os milhões de estudantes que, por diversas razões, deixam de se diplomar no ensino médio. A cada 100 alunos que ingressam nessa etapa, nada menos que quarenta abandonam o curso antes de pegar o diploma. As universidades pretendem laçar esses estudantes — que totalizam cerca de 3 milhões —, seja pelo ensino técnico, seja pela tentação de aulas mais sintonizadas com as demandas de hoje.

Publicado em VEJA de 25 de outubro de 2017, edição nº 2553

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