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Por que as mulheres sofrem mais com as enxaquecas?

Desequilíbrios hormonais da menstruação e stress da vida moderna podem aumentar os casos de crises da cefaleia feminina

Por Aretha Yarak, de Gramado
13 out 2010, 09h20

A queda do estrogênio é um dos gatilhos para disparar a enxaqueca. Hoje, não se conhece muito precisamente qual o papel dele no cérebro, mas já se sabe que ele tem ação na quantidade de dor que as mulheres sentem

As crises agudas de enxaqueca são três vezes mais comuns nas mulheres, quando comparadas aos homens, segundo a Sociedade Americana de Dor de Cabeça. A medicina não conseguiu desvendar o motivo exato, mas uma série de pesquisas pode estar próxima da resposta. Dados apresentados durante o 24º Congresso Brasileiro de Cefaleia, em Gramado, no Rio Grande do Sul, parecem indicar o estrogênio (hormônio feminino) como o principal vilão na diferença entre os gêneros. “A tese é válida para o grupo de mulheres que já têm enxaqueca ou uma propensão genética a ela”, afirma a neurologista americana Elizabeth Loder, chefe do Departamento de Dor de Cabeça e Dor do Brigham and Women´s Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, e professora da Universidade de Harvard.

De acordo com dados do encontro, 25% das mulheres que têm enxaqueca relacionam as dores de cabeça com o período menstrual. “A queda do estrogênio é um dos gatilhos para disparar a enxaqueca. Hoje, não se conhece muito precisamente qual o papel dele no cérebro, mas já se sabe que ele tem ação na quantidade de dor que sentimos”, diz Elizabeth. As mudanças nos níveis hormonais decorrentes do ciclo menstrual têm uma grande influência na maneira como o cérebro lida com a dor. Isso significa que, quando o nível de estrogênio despenca, a tendência é que uma dor que passaria despercebida se transforme em algo muito sofrido. “Por isso, ela pode ter a enxaqueca menstrual alguns dias antes ou depois do sangramento, mas não durante a ovulação”, explica a neurologista Eliana Meire Melhado, professora na Faculdade de Medicina de Catanduva.

Mas nem tudo está dentro do corpo. Os médicos são unânimes em alertar que o estilo e a cultura ocidentais modernas têm um peso grande na dor que a mulher sente. “Existe um stress enorme sobre ela. É a casa para cuidar, os filhos para educar, a vida profissional. Hoje, a mulher tem enormes responsabilidades e menos oportunidades de descansar quando está com dor de cabeça, por exemplo”, diz Elizabeth. A rotina abarrotada, quando unida às questões hormonais, acaba virando uma bomba na saúde. “Costumo dizer que a mulher passou a sentir mais enxaqueca depois de sua emancipação, quando ela começa a engravidar menos e a menstruar mais”, diz Eliana.

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Gravidez e menopausa – Durante os nove meses da gestação, o organismo feminino atinge seu ápice de produção de hormônios. Com o nível de estrogênio nas alturas, a tendência é que a dor de cabeça seja reduzida – em intensidade e freqüência. “A melhora é progressiva. No primeiro trimestre, as taxas mostram que 50% das mulheres tendem a melhorar das enxaquecas, no segundo, 55%, e, no terceiro, 63% delas melhoram”, diz Eliana. Mas, logo depois que o bebê nasce e com o restabelecimento dos níveis normais dos hormônios, as dores tendem a voltar ao padrão anterior à gravidez.

O único momento em que as dores de cabeça tendem a diminuir e se manterem assim é na menopausa. “Mas forçar uma situação de menopausa, como com a retiradas dos ovários, tem mostrado um resultado inverso: as enxaquecas tendem a piorar”, explica Elizabeth. Os motivos ainda não foram explicados, mas suspeita-se que o organismo não reaja bem ao corte repentino em sua própria produção de hormônios.

Tratamento – Quando a enxaqueca vem relacionada ao ciclo menstrual, a recomendação é que se trate apenas a dor de cabeça, logo que ela apareça. “O ideal é que se tome remédio apenas quando há dor”, explica Elizabeth. A primeira tentativa é feita com os triptanos (criados na década de 1990, são os medicamentos mais modernos para combater a dor de cabeça), mas, em casos mais severos, medicações contínuas de até cinco dias podem ser mais eficientes. Há ainda a opção de estabilizar o nível de estrogênio. “É importante ressaltar que ainda não existem medicamentos, como os adesivos corporais (patchs), que consigam reproduzir a liberação constante e contínua do organismo feminino.” Uma segunda alternativa seria, então, emendar cartelas da pílula anticoncepcional de três a quatro meses. Mas a prática ainda é polêmica. Há médicos que defendem que esse tratamento aumente o risco de derrames e coágulos sanguíneos. “Há também algumas opções não medicamentosas, que podem ajudar no quadro da paciente, como massagem e exercícios físicos”, diz Eliana.

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