Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Brasil é exemplo de como reduzir mortes por tabagismo, diz revista britânica

Série de artigos publicados pela revista médica 'The Lancet' enfatiza a importância de prevenir as doenças não-transmissíveis, como câncer, diabetes e problemas cardíacos, hoje as principais causas de morte no mundo

Por Da Redação
11 fev 2013, 22h28

A respeitada revista médica britânica The Lancet publicou, em sua edição desta semana, uma série de cinco artigos sobre doenças não transmissíveis – que incluem problemas cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas. De acordo com a publicação, o objetivo da série é chamar a atenção para a importância dessas condições, que chegaram a níveis epidêmicos e hoje correspondem à principal causa de mortalidade no mundo. Os trabalhos divulgados também sugerem estratégias para a prevenção desses problemas, como aquelas que buscam reduzir os fatores de risco para tais doenças – como o tabagismo, a obesidade e a má alimentação. O Brasil foi citado como exemplo na criação de estratégias de controle do tabagismo.

População doente

Em dezembro de 2012, a revista The Lancet publicou o estudo Global Burden of Disease 2010 (Carga de Saúde Global 2010), que avaliou as doenças e mortes em todo o mundo ao longo de 20 anos. A pesquisa mostrou que, desde 1990, as causas de morte e os fatores de risco para a saúde da população mundial mudaram, e muito. Se antes vivíamos por menos tempo, hoje atingimos uma idade avançada, mas com menos saúde.

Enquanto em 1990 os principais fatores de risco para doenças eram o baixo peso infantil e a poluição dentro de casa (a exposição ao fogão à lenha, por exemplo), em 2010 os principais fatores se tornaram a pressão alta e o cigarro. Além disso, segundo a pesquisa, enquanto a mortalidade global por desnutrição caiu no período, o fator de risco para a saúde que mais cresceu nos últimos vinte anos foi o excesso de peso.

O Global Burden of Disease 2010 também registrou que, se por um lado diminuiu o número de mortes por doenças como malária, tuberculose e diarreia nos últimos 20 anos, aumentou a quantidade de óbitos em decorrência de problemas como doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, diabetes e câncer de fígado.

Leia também:

População mundial vive mais, porém cada vez mais doente

De acordo com os dados de um dos estudos divulgados pela revista britânica, das 52,8 milhões de mortes que aconteceram no mundo em 2010, 34,5 milhões, ou 65%, ocorreram devido às doenças não transmissíveis. Desses óbitos, 20% ocorreram em pessoas com menos de 60 anos de idade. Ainda segundo esse levantamento, estima-se que o número de mortes por doenças não transmissíveis deve aumentar para 50 milhões em 2030.

Continua após a publicidade

No Brasil, o número de óbitos por essas doenças é ainda maior: cerca de três quartos (75%) das mortes no país estão relacionadas a problemas como câncer, diabetes ou então doenças cardíacas ou respiratórias crônicas.

Metas – Um dos trabalhos divulgados pela revista britânica, feito por pesquisadores dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, sugeriu que a Organização das Nações Unidas (ONU) incluísse a prevenção de doenças não transmissíveis nas próximas metas propostas pelo Millenium Development Goals (MDGs). Esse programa da ONU estipula metas para serem cumpridas até determinada data. Atualmente, as metas preveem o alcance de oito objetivos até 2015, entre elas o fim da fome e da miséria extrema, a educação universal, e a redução da mortalidade infantil.

Para George Alleyne, diretor emérito da Organização Pan-americana de Saúde e coordenador desse estudo, após 2015, a ONU deveria ter como meta reduzir em 25% o número de mortes por doenças não transmissíveis até 2025.

Leia também:

Quando deixar de tomar remédios se torna um problema de saúde pública

Estratégias de prevenção – A série de artigos publicados no The Lancet também sugeriu quais estratégias poderiam ajudar a prevenir as doenças não transmissíveis e, portanto, diminuir o número de morte por câncer, diabetes, problemas cardíacos e respiratórios ao longo dos anos.

Continua após a publicidade

Um dos estudos, coordenado por Ruth Bonita, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, por exemplo, fez um relato de medidas que podem ser adotadas pelas autoridades de saúde dos países para controlar dois dos principais fatores de risco para as doenças não transmissíveis: tabagismo e consumo excessivo de sal. De acordo com a pesquisadora, a redução da ingestão de sal em 15% pode, em dez anos, evitar 8,5 milhões de mortes ao redor do mundo.

Esse artigo citou as estratégias de controle de tabagismo no Brasil como um exemplo de medida que pode ser eficaz na redução de mortes relacionadas ao cigarro. No artigo, Ruth Bonita falou sobre o fato de cidades brasileiras terem proibido o fumo em determinados ambientes, além do aumento das taxas sobre produtos derivados do tabaco e advertências presentes nos maços de cigarro.

Leia também:

Em 20 anos, leis antifumo reduziram o tabagismo no Brasil pela metade

Indústrias perigosas – Um dos artigos divulgados pela publicação britânica apontou para outro culpado para a epidemia de doenças não transmissíveis a qual o mundo vive hoje: o marketing agressivo de grandes indústrias de tabaco, álcool e alimentos não saudáveis ou “ultra-processados”, como classificou o estudo. Ou seja, alimentos e bebidas industrializados que são altamente calóricos e gordurosos e muito pouco nutritivos, como comida congelada, biscoitos, salgadinhos, hambúrgueres, refrigerantes e outras bebidas adocicadas artificialmente.

De acordo com Rob Moodie, pesquisador da Universidade de Melbourne, na Austrália, e autor desse trabalho, nenhuma medida de auto-regulação dessas indústrias (ou seja, quando elas decidem realizar ações por conta própria para beneficiar a saúde pública) parece ser eficaz. Por isso, ele considera que a regulação pública dessas empresas é a forma mais eficaz de beneficiar a população.

Continua após a publicidade

Principais fatores de risco à saúde em 1990

1º lugar: Baixo peso infantil

2º lugar: Poluição dentro de casa

3º lugar: Tabagismo

4º lugar: Pressão alta

5º lugar: Deficiência de amamentação

Continua após a publicidade

6º lugar: Alcoolismo

7º lugar: Poluição ambiental

8º lugar: Baixa ingestão de frutas

9º lugar: Altos níveis de açúcar no sangue

10º lugar: Obesidade

Continua após a publicidade

Fonte: The Lancet, 2012

Principais fatores de risco à saúde em 2010

1º lugar: Pressão alta

2º lugar: Alcoolismo

3º lugar: Tabagismo

4º lugar: Poluição dentro de casa

5º lugar: Baixa ingestão de frutas

6º lugar: Obesidade

7º lugar: Altos níveis de açúcar no sangue

8º lugar: Baixo peso infantil

9º lugar: Poluição ambiental

10º lugar: Sedentarismo

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.