Oposição denuncia irregularidades na eleição em Kosovo
Pleito parlamentar é o primeiro desde a independência da Sérvia, em 2008
O principal partido da oposição de Kosovo acusou, nesta segunda-feira, as autoridades locais de permitir irregularidades na eleição parlamentar do último domingo, a primeira desde que o país declarou a independência unilateral da Sérvia, em 2008. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos veem o pleito como um teste de maturidade democrática para Kosovo. Uma votação livre e justa seria condição para a sua eventual entrada na UE.
Com mais de metade dos votos contabilizados até a manhã desta segunda, o partido PDK, do primeiro-ministro Hashim Thaci, estava na dianteira com 30,6%. Em seguida, vinha o rival LDK com 26,2 %. As informações são de um grupo de organizações não governamentais que acompanha a contagem. Os resultados oficiais são aguardados ainda nesta segunda.
Denúncias – O LDK disse que votação ficou comprometida em dois redutos de Thaci, onde o índice de comparecimento de eleitores foi nitidamente superior à média nacional de 48%. “Um índice de comparecimento de 94% é estatisticamente impossível, logicamente não razoável, politicamente inaceitável e legalmente contestável na realidade de Kosovo”, afirmou um porta-voz do LDK, Arben Gashi. “Usaremos todos os meios legais para levar legitimidade e democracia a todo Kosovo.”
O chefe do LDK e prefeito de Prístina, Isa Mustafa, disse a jornalistas que o partido pretende pedir uma nova votação nos dois locais questionados. A legenda de Thaci se negou a comentar as alegações.
Fraudes – O grupo Democracia em Ação, que reúne ONGs de Kosovo e tem 5 mil observadores, disse que, de fato, constatou “manipulação do voto” nas duas regiões apontadas.
Monitores europeus também afirmaram ter conhecimento das alegações de fraude. Em Bruxelas, a Alta Representante da UE Catherine Ashton e o Comissário de Ampliação Stefan Fuele exortaram as autoridades a confirmar os resultados. “Cabe agora às autoridades competentes certificar os resultados e lidar com as reclamações e apelações, seguindo as leis e normas relevantes”, diz um comunicado.
Mas, a UE afirmou ainda que é preciso superar os problemas e abrir caminho para um novo governo.”É importante agora formar rapidamente um novo governo e eleger um novo presidente, para que eles possam enfrentar os desafios que estão pela frente”, acrescenta o comunicado. “Temos muito trabalho no próximo ano para que Kosovo possa avançar rumo à entrada na UE.”
Kosovo declarou sua independência da Sérvia em 2008, mas os sérvios ainda dominam o norte o do país. No total, 92% dos 2,2 milhões de habitantes de Kosovo são de etnia albanesa.
(Com agência Reuters)