França: primeiro casamento gay é realizado em Montpellier
O presidente francês, François Hollande, assinou há dez dias uma lei que permite a união e também a adoção de crianças pelos casais homossexuais
O primeiro casamento gay na França foi realizado nesta quarta-feira, em Montpellier, no sul do país. Sob forte esquema de segurança, Vincent Autin, de 40 anos, e Bruno Boileau, de 30 anos trocaram votos na prefeitura diante do prefeito, parentes e amigos. Vincent e Bruno estão juntos desde que se conheceram, há seis anos, ao discutir música em um fórum on-line.
O casamento gay tem alimentado os mais ferozes protestos de rua no país em décadas. No último fim de semana, uma passeata contra a união homossexual em Paris terminou em confrontos. “Esperamos que seja para sempre, mas se algum dia terminar, vamos ser iguais a qualquer outro casal nessa situação”, brincou Aubin em uma das muitas entrevistas concedidas à imprensa local.
Apesar do forte apoio à reforma em Montpellier, que em geral se orgulha de ser a cidade da França mais amigável aos homossexuais, as autoridades locais abandonaram os planos de transmitir a cerimônia ao vivo em um telão ao ar livre em uma praça, por medo de que adversários tumultuassem a cerimônia. Em vez disso, o evento foi transmitido ao vivo pelo site da prefeitura da cidade.
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“É um momento estressante para Victor e Bruno. Há pessoas que vão tentar marcar este dia simbólico, com palavras de ódio”, disse Elodie Brun, coordenadora da Associação do Orgulho Gay local, que Autin lidera. Ela foi testemunha do casamento e assinou o primeiro documento da história para duas pessoas do mesmo sexo nos registros de casamento em uma nação predominantemente católica, mas que mantém separados Igreja e estado.
O presidente francês, François Hollande, assinou há dez dias uma lei que permite o casamento gay e a adoção de crianças por casais homossexuais. A decisão irritou grupos de extrema direita, que pediram a renúncia do dirigente. No domingo, 150.000 pessoas participaram em Paris de um protesto contra o casamento gay que acabou em confronto e 56 detenções na Esplanada dos Inválidos.
O movimento contra o casamento gay, até pouco tempo atrás, congregava famílias modernas, descendentes diretas de maio de 1968, e homossexuais que não queriam ver replicado o padrão hétero entre os seus pares. Não se opunham à união civil de homossexuais, e sim ao matrimônio, por discordarem das consequências filiais. Os manifestantes defendiam a realização de um referendo sobre o tema. Com a aprovação pelo governo, os ânimos ficaram mais acirrados.
(Com agência Reuters)