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‘Dia da rejeição’, sexta-feira promete mais tensão no Egito

Grupos islâmicos simpáticos ao presidente deposto convocam protestos. Exército diz que manifestações pacíficas serão permitidas

Por Da Redação
4 jul 2013, 22h42

Milhares de pessoas comemoraram a deposição de Mohamed Mursi na noite de quarta-feira, na Praça Tahrir, no Cairo. Mas os apoiadores do membro da Irmandade Muçulmana não se recolheram depois do anúncio do Exército. Ao contrário, convocaram para esta sexta-feira uma grande manifestação, que está sendo chamada de “dia da rejeição”. Os protestos terão início depois das orações semanais e devem impor um teste para as forças de segurança, que já prenderam algumas das principais figuras da Irmandade Muçulmana – incluindo o guia espiritual da Irmandade, Mohamed al-Badie, e o próprio Mursi.

O Exército afirmou nessa quinta que vai garantir o direito dos manifestantes de protestar de forma pacífica. Em um comunicado nas redes sociais, o comando militar disse que não tomaria “medidas arbitrárias contra nenhuma facção ou corrente política”. “Protestos pacíficos e liberdade de expressão são direitos garantidos a todos, que os egípcios têm como uma das conquistas mais importantes de sua gloriosa revolução”, diz o comunicado.

Ao prestar juramento como presidente interino do país, o presidente da Suprema Corte Adly Mansour convidou a Irmandade a “participar da construção da nação”. O convite, no entanto, foi rejeitado. O porta-voz do grupo islâmico Gehad el-Haddad afirmou que “todas as medidas pacíficas necessárias serão tomadas para derrubar este golpe”. Entre as medidas estão os protestos desta sexta.

Apesar dos chamados dos dois lados por manifestações pacíficas é difícil acreditar que o dia transcorra sem conflitos, uma vez que dezenas de pessoas morreram desde o fim de semana, quando se intensificaram os protestos contra o governo de Mursi, que completou seu primeiro ano de mandato no domingo.

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Receio – Países da região reagiram à derrubada de Mursi. Na Tunísia, país comandado pelo Ennahda, organização com ideologia similar à da Irmandade Muçulmana, o presidente Moncef Marzouki condenou o que chamou de “golpe contra a legitimidade”. “Uma intervenção militar é totalmente inaceitável e urgimos o Egito a assegurar que Mursi está fisicamente protegido”, disse. Assim como no Egito, na Tunísia também há uma polarização entre secularistas e islâmicos. Na Tunísia, o Ennahda ganhou 40% das cadeiras no Parlamento que se encarregaria de montar um governo de transição e de redigir uma nova Constituição depois da fuga do ditador para a Arábia Saudita, em janeiro de 2011. Os trabalhos para finalizar a nova Carta Magna, contudo, já duram quase dois anos sem que um consenso seja alcançado. Um movimento opositor inspirado no Tamarod, que comandou as grandes manifestações contra Mursi no Egito, lançou uma campanha para dissolver a Assembleia Constituinte eleita em outubro de 2011 na Tunísia.

A Turquia, que já foi modelo de democracia com governo islâmico, mas recentemente viu protestos contra as medidas cada vez mais autoridades do governo do premiê Recep Erdogan, também repudiou a situação no Egito. “É inaceitável que um governo que chegou ao poder por meio de eleições democráticas seja derrubado por meios ilícitos e, mais ainda, por um golpe militar”, disse o chanceler Ahmet Davutoglu.

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O presidente dos Emirados Árabes Unidos, xeque Khalifa bin Zayed al-Nahyan, expressou sua “consideração” ao presidente interino Mansour. O Catar, um dos grandes financiadores de grupos islâmicos no mundo árabe e que destinou bilhões de dólares em ajuda ao Egito desde 2011, também parabenizou o interino, segundo informação da agência de notícias estatal. O Irã, que tentou recuperar as relações com o Egito depois da eleição de Mursi, declarou que “certamente a nação egípcia vai proteger sua independência e grandeza do oportunismo estrangeiro inimigo durante as difíceis condições que devem ser apresentar”.

Até mesmo a Síria, atolada em uma guerra civil há dois anos, se manifestou sobre a crise no Egito. O ministro da Informação, Omran Zoabi, pediu a saída de Mursi na quarta-feira, ressaltando que “a esmagadora maioria do povo o rejeita”. Uma declaração risível de um governo contestado por numerosos grupos opositores, que querem derrubar o ditador Bashar Assad.

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