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Um terço dos devedores renegocia dívidas, mas não consegue pagá-las

De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito, que ouviu 1.088 consumidores, o inadimplente precisa começar pondo no papel todas as dívidas, verificando as mais caras e checando seu salário líquido

Por Da Redação
11 abr 2016, 10h54

O brasileiro endividado cortou gastos com lazer, roupas e restaurantes para quitar os débitos, mas, ainda assim, um terço da população que renegociou o pagamento não está conseguindo honrá-lo e voltou à condição de inadimplente. Para quem está nessa condição, é possível encontrar serviços especializados na renegociação ou refinanciamento das dívidas e até auxílio na parte psicológica.

“Falar de finanças é um tabu, ainda mais se for sobre dívida. As pessoas não sentam para olhar o quanto ganham e gastam”, diz a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti. Pesquisa da empresa junto com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que seis em cada dez brasileiros não sabem quanto devem. O estudo ouviu 1.088 consumidores de todo o país.

O inadimplente precisa começar pondo no papel todas as dívidas, verificando as mais caras (com maior juro) e checando o salário líquido (após todos os descontos). Desde 2012, a Fundação Procon-SP oferece ajuda profissional a superendividados, aqueles cuja dívida ultrapassa 50% dos ganhos, por exemplo. Após preencher uma planilha financeira e passar por uma triagem, que seleciona os casos mais graves, o devedor recebe orientações. Em audiências, especialistas fazem a intermediação na renegociação da dívida com bancos e outras empresas.

Uma opção é trocar dívidas caras, como a do cartão de crédito, cujo juro foi de 447,5% ao ano em fevereiro, por mais baratas. Há empresas que empacotam todas as dívidas e as refinanciam, como a Novi, onde é possível tomar um empréstimo com garantia imobiliária ou de automóveis. No caso em que o imóvel é a garantia, a taxa de juros atual é de 18,86% ao ano e o empréstimo soma até 50% do valor do bem. As parcelas são de, no máximo, 30% da renda do cliente e o prazo é de até 15 anos.

“O cliente pode tomar nosso empréstimo para vários fins, mas cerca de 60% usam o serviço para consolidar dívidas”, afirma o presidente da Novi, Luiz Pedro Albornoz. A vantagem seria o alongamento da dívida, por um juro menor.

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Uma das maneiras de trabalhar o problema da dívida crônica e compulsiva é buscar apoio nos Devedores Anônimos. “Eu queria ter o dinheiro, não olhava juro nem quanto devia. Conforme o problema aumentou, acabei recorrendo ao álcool”, relata um membro do grupo, que preferiu não se identificar. Em encontros semanais, os participantes recebem o auxílio para falar do problema e aprender a lidar com o que o grupo considera uma doença que não pode ser curada, mas detida.

Desinformação – Desemprego e descontrole financeiro aparecem como os principais motivos para o nome sujo na praça. Na pesquisa, a perda do emprego foi citada por 29,2%. “Não deixa de ser um descontrole, pois indica que, quando estava empregada, a pessoa não fez nenhuma reserva”, diz Marcela, do SPC Brasil.

Além da falta de educação financeira nas escolas e de conversa em casa, a desinformação é motivada pelo fato de o amplo acesso ao crédito ser um fenômeno recente, lembra Thiago Alvarez, sócio do aplicativo GuiaBolso, que ajuda os usuários a controlar a movimentação das contas e cartões. “O boom do crédito é recente, depois dos anos 2000. Trata-se de uma primeira geração que está tendo acesso ao crédito e aprendendo a usá-lo”, avalia.

A técnica em enfermagem Jéssica Duarte, de 27 anos, teve acesso a cartão de crédito e cheque especial aos 18 anos, após começar a trabalhar. “Eu me descontrolei por vários motivos: era muito nova, não tive aula de finanças na escola pública onde estudei e moro com meus avós e eles não me ensinaram, pois também não sabiam lidar com esses instrumentos. Os cartões de crédito dão a falsa ilusão de que você tem dinheiro.”

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A saída do vermelho veio em 2014, depois que arranjou um segundo emprego. A dívida havia chegado a seis vezes a renda líquida de Jéssica. “Comecei a me incomodar, pois vi que eu só gastava com bobeiras. Se precisava comprar algo um pouco mais caro, como um celular, por exemplo, tinha de pedir favor a alguém, tinha vergonha, achava desagradável. Foi aí que decidi limpar meu nome”, conta.

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(Com Estadão Conteúdo)

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