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Primeiro-ministro eleito da Espanha evita revelar planos

Por Da Redação
21 nov 2011, 17h37

Por Elisabeth O’Leary e Judy MacInnes

MADRI (Reuters) – O futuro primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, resistiu nesta segunda-feira à pressão de cidadãos e investidores para revelar como pretende salvar o país de um desastre econômico.

A ampla vitória eleitoral obtida no domingo pelo Partido Popular (PP, conservador) não serviu para animar os investidores, que se mostram desesperados por detalhes da estratégia imaginada por Rajoy para evitar que a Espanha termine recorrendo a um resgate internacional, a exemplo do que já fizeram outros países endividados da zona do euro.

O resultado eleitoral refletiu o descontentamento do eleitorado com o Partido Socialista, que, após oito anos no poder, deixa a Espanha com um desemprego de 20 por cento, o maior da União Europeia.

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A secretária-geral do PP, Dolores Cospedal, disse que Rajoy, político conhecido por sua cautela, só vai nomear seu gabinete ou detalhar suas estratégias quando tomar posse, o que deve ocorrer logo antes do Natal, conforme os prazos previstos na Constituição.

Falando a jornalistas após uma reunião da cúpula partidária, Cospedal contou que Rajoy disse ao grupo que se sente obrigado a adotar medidas de austeridade.

“A primeira coisa a dizer aos espanhóis é a verdade. A sociedade está suficientemente madura para estar ciente de absolutamente tudo o que está acontecendo”, disse Rajoy, segundo relato da dirigente.

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Uma fonte partidária disse que Rajoy “está preocupado, mas não se sente pressionado” devido à demora na sua posse.

A vitória eleitoral conservadora já era amplamente esperada, e por isso não trouxe alívio aos mercados. O “spread” (diferença) entre os títulos públicos espanhóis e os alemães, considerados parâmetro do mercado, subiu mais de 20 pontos-base na segunda-feira, chegando a 470.

No caso dos papéis com vencimento em dez anos, os juros espanhóis chegaram a 6,58 por cento, perigosamente próximos dos 7 por cento, nível em que Grécia, Portugal e Irlanda tiveram de buscar socorro.

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Além disso, o país está às portas da sua segunda recessão em dois anos, e o ambiente econômico pode ficar ainda pior devido às medidas de austeridade a serem adotadas pelo novo governo, segundo analistas.

O instituto de pesquisas Funcas reviu sua previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem: em vez de crescimento de 1 por cento, contração de 0,5 por cento. Os economistas atribuíram essa estimativa aos cortes nos gastos públicos, necessários para que o governo cumpra suas metas de déficit.

Os espanhóis comuns também se preocupam com o efeito das medidas sobre suas vidas. “Acho que haverá gente na rua quando virem o que vão fazer”, disse José Antonio García, 28 anos, eleitor da esquerda.

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CONFIANÇA

Rajoy, de 56 anos, ex-ministro do Interior, já sinalizou que pretende realizar reformas no mercado de trabalho e no setor financeiro, além de mudanças profundas no setor público. Mas, durante a campanha eleitoral, ele fez poucas promessas concretas, preferindo salientar os erros dos socialistas.

“O fato de os investidores precisarem esperar mais um mês para que o gabinete do senhor Rajoy assuma as rédeas só agrava a incerteza”, disse Nicholas Spiro, da consultoria Spiro Sovereign Strategy.

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O Tesouro espanhol realizará leilões de títulos da dívida na terça e na quinta-feira, num primeiro indicador da confiança ou não dos mercados em relação a Rajoy.

Os espanhóis parecem resignados com medidas que façam a situação piorar antes de uma recuperação, causando inclusive um aumento em curto prazo do desemprego, que já afeta 5 milhões de pessoas.

O PP formou a maior maioria parlamentar em três décadas na Espanha, com 186 das 350 vagas na Câmara dos Deputados. A bancada do PSOE (socialista) caiu de 169 para 111 deputados, sua menor em três décadas.

Mas pequenos partidos de esquerda também se beneficiaram da desilusão do eleitorado com os socialistas, e receberam muitos votos de espanhóis preocupados com um desmantelamento dos sistemas públicos de saúde e educação.

A eleição na Espanha foi marcada por um clima generalizado de descontentamento com os políticos. Meses atrás, dezenas de milhares de cidadãos ocuparam praças em várias cidades, dizendo-se “indignados” com a situação.

As manifestações definharam antes da eleição, mas podem recrudescer quando as medidas preparadas por Rajoy ficarem claras.

“O resultado é excepcional para a direita …, mas também reflete um enorme descontentamento. Acho que vão fazer o que quiserem no Parlamento, mas as pessoas estarão nas ruas”, disse em Madri o taxista Tomás Ruiz, de 29 anos.

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