Petrobras confirma que pode captar até US$ 19,1 bi em 2015
Com a atual situação da empresa e a perda do grau de investimento, a captação deve ser difícil e mais cara. Tesouro pode ser fiador da estatal
A Petrobras confirmou nesta manhã de quinta-feira, em comunicado ao mercado, que seu Conselho de Administração autorizou a companhia a captar até 19,1 bilhões de dólares líquidos em recursos ao longo de 2015. A decisão foi tomada em reunião na última sexta-feira. O comunicado foi um esclarecimento à matéria do jornal O Estado de S. Paulo que consta, entre outras informações, que a Petrobras foi liberada para buscar financiamento, ainda neste ano, neste montante, considerado necessário para preservar seu caixa.
“A aprovação desse limite é efetuada anualmente pelo Conselho de Administração e não implica na obrigatoriedade da captação dos volumes autorizados”, aponta a estatal no documento.
Uma fonte com conhecimento direto do assunto já havia dito à agência Reuters na quarta-feira que a diretoria havia recebido a autorização para as captações, mas que a forma e um cronograma para a contratação das dívidas ainda não estão definidos.
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Matéria do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira mostra ainda que, com o acesso fechado ao mercado externo de dívida, a Petrobras vai recorrer aos bancos mais próximos para captar recursos. No entanto, como a companhia perdeu o grau de investimento da agência de classificação de risco Moody’s, os empréstimos devem estar condicionados à entrega de garantias reais ou fiança do Tesouro, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto.
Ainda podem ser estruturadas operações em que a instituição bancária antecipe à estatal parte de recursos da venda de ativos que a Petrobras pretende realizar. “Só se aguarda a divulgação do balanço auditado da petroleira para que os empréstimos comecem a ganhar corpo”, afirmou uma das fontes.
A estatal, de todo modo, não poderá contar com os mesmos prazos que vinha contratando recursos no exterior. Tampouco o custo de captação deve ser o mesmo. Rebaixado à categoria junk (arricada) pela Moody’�s no fim de fevereiro, a Petrobras precisará desembolsar mais para captar no exterior.
Na semana passada, uma fonte da cúpula da estatal disse ao jornal que o governo acenou com uma ajuda de 6 bilhões de reais para reforçar o caixa da Petrobras. Estes recursos viriam do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Esta teria sido a única alternativa de suporte financeiro proposta pela União à companhia e o valor é o financiamento máximo que a empresa pode pagar sem comprometer o nível de alavancagem (relação entre patrimônio e dívida).
Dificuldade – O jornal Folha de S. Paulo ouviu analistas e banqueiros que mostraram ceticismo com relação à cifra. Eles não acreditam que a Petrobras conseguirá captar esse valor neste momento. Um grupo de executivos de bancos disse ainda, em outra reunião para discutir a possibilidade de obter recursos no exterior, que o “mercado está fechado para a companhia e é inviável neste ano”, mesmo com a publicação do balanço auditado.
(Com Estadão Conteúdo e agência Reuters)