Índia abre mercado de varejo para cadeias estrangeiras
Liberação deve melhorar gestão de suprimentos no país. Desperdício chega a 35%
Um dos últimos grandes mercados fechados a grupos de varejo internacionais acaba de baixar a guarda. O governo indiano autorizou, nesta quinta-feira, cadeias estrangeiras a montar lojas no país para venda direta ao consumidor. A abertura, inédita, deve provocar corrida entre gigantes como Walmart, Carrefour, Tesco e Ikea, atrás dos 1,2 bilhão de consumidores que vivem no país.
A decisão era aguardada havia dois anos. De acordo com o ministro da Alimentação KV Thomas, pela nova regulamentação varejistas que trabalham com diversas marcas poderão ter uma participação de até 51% em joint ventures (empreendimentos conjuntos) no país. Até então, esses grupos só podiam estabelecer parcerias no setor atacadista.
O governo também alterou as regras para permitir que varejistas que trabalham com apenas uma marca, como a Apple, detenham 100% das suas operações indianas. Até agora elas só podiam controlar até 51% das parcerias com companhias locais.
Benefícios locais – A medida deve ser comemorada não só pelos grupos estrangeiros, mas também pela população local. Hoje, os indianos compram alimentos em pequenas lojas familiares. Há milhões delas espalhadas pelo país. A pulverização torna ineficiente a gestão da cadeia de suprimentos. Cerca de 35% das frutas e vegetais da Índia, por exemplo, apodrecem antes de chegar aos mercados.
A chegada dos gigantes do varejo deve também reduzir a política da barganha das pequenas lojas, onde os preços são estipulados a partir de exaustivas negociações individuais. Analistas também esperam que a decisão provoque uma redução nos preços – a inflação na Índia, hoje, beira os dois dígitos.