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Incorporadoras aumentam provisões em meio à crise

Expectativa de que a crise econômica do país trará um impacto direto nos pagamentos dos clientes motivou empresas a aumentar proteção ao risco

Por Da Redação
19 mar 2016, 10h31

O mau momento do setor imobiliário começa a ganhar contornos ainda piores diante da falta de horizonte de melhora para a economia brasileira, principalmente com o aumento das incertezas políticas. Depois de uma onda de desistência de compra de imóveis – os chamados distratos – afetar negativamente os balanços das incorporadoras, agora os indicadores econômicos ainda mais fracos começam a bater nas linhas de provisões, em especial por causa da expectativa de que a crise do país trará um impacto direto nos pagamentos dos clientes.

Dentre as companhias que já anunciaram os resultados completos de 2015, a MRV Engenharia fez uma provisão de 29 milhões de reais no ano passado, acumulando um total de 56 milhões de reais sobre o seu portfólio de contas a receber, que abarca uma espécie de empréstimo feito sem garantias aos clientes. Nesse caso, a empresa concede ao comprador a parcela do valor do imóvel que não foi contemplada no financiamento, garantindo a compra e o repasse bancário. Como contrapartida, eleva-se o risco de calote.

Essa prática de financiamento direto aos clientes ganhou força nos últimos anos, diante da maior dificuldade de obtenção do crédito imobiliário. Com a crise mais intensa do que o esperado inicialmente e as taxas crescentes de desemprego, a conta agora deverá chegar às incorporadoras, batendo primeiro à porta das focadas ao setor de mais baixa renda.

“É preciso avaliar a situação macroeconômica. Fomos mais conservadores, mas, se comparar o valor com as vendas, é um volume relativamente pequeno”, disse o diretor presidente da MRV Eduardo Fischer, em entrevista recente ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Na Tenda, braço de baixa renda do grupo Gafisa, a provisão chegou a 11 milhões de reais sobre recebíveis referentes a projetos anteriores a 2012. Agora, o saldo que ainda pode ser provisionado dessa carteira soma 19 milhões de reais. Esses empreendimentos mais antigos são definidos como “de legado”, ou seja, antes da reformulação da companhia, o que eleva a chance de calote, segundo especialistas.

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“É uma carteira antiga que entendemos que devemos fazer o provisionamento com perda, embora ainda estejamos buscando formas de recuperar”, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores de Tenda, Felipe Cohen, em teleconferência em que comentou os resultados trimestrais da companhia.

Na medida em que uma sinalização de melhora da economia demora a acontecer, mais empresas deverão aumentar seus níveis de provisionamento, o que traz efeito direto na lucratividade. Além da provisão em recebíveis, especialistas acreditam que as incorporadoras, sobretudo de médio e alto padrão, terão de se adiantar ao cancelamento de vendas, reservando capital para um eventual distrato.

“É diferente de antigamente, quando o imóvel distratado era revendido a um preço muitas vezes superior (ao original). Agora já não é mais essa dinâmica e (o novo cenário) pode gerar algumas perdas. É isso que estamos tentando refletir de uma forma realista”, afirmou o diretor financeiro de Gafisa, Andre Bergstein. A companhia fez uma provisão adicional de 5 milhões de reais relacionada a distratos nos últimos meses de 2015.

(Com Estadão Conteúdo)

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