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Homens estão à frente das maiores empresas de capital aberto do país

Após saída de Graça Foster, da Petrobras, e Dilma Pena, da Sabesp, companhias brasileiras do Ibovespa ficam sem mulheres na presidência

Por Da Redação
2 mar 2015, 11h34

Com a saída conturbada de Graça Foster da presidência da Petrobras e de Dilma Pena do comando da Sabesp, as maiores empresas brasileiras de capital aberto passaram a ter apenas homens no comando dos negócios. Nenhuma das 63 companhias que compõem o principal índice de ações da bolsa brasileira, o Ibovespa, tem mulheres no posto de presidente.

As duas executivas deixaram os cargos neste ano, em meio a crises que inviabilizaram suas gestões. Funcionária de carreira, Graça saiu em fevereiro, depois que desdobramentos da Operação Lava Jato impediram a divulgação do balanço auditado da estatal. Já Dilma Pena alegou problemas de saúde, após o agravamento da crise hídrica no Estado de São Paulo.

Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, apenas metade das empresas do índice tem presença feminina em seus conselhos de administração. Ainda assim, elas são minoria e, em geral, fazem parte das famílias proprietárias.

De acordo com Regina Medalozzo, especialista em economia do gênero e professora do Insper, as empresas costumam ter a mesma proporção de homens e mulheres nos postos iniciais. “Se imaginarmos uma pirâmide, a companhia vai ficando mais masculina”, conta. Segundo ela, a ausência de modelos no topo e a falta de políticas que permitam conciliar vida pessoal e profissional explicam esse cenário.

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Sócio da consultoria Strategy& e autor de um estudo global sobre mulheres CEOs, Carlos Gondim é menos pessimista. Para ele, o atual retrato do Ibovespa esconde uma tendência de alta na participação feminina. “A evolução depende de aspectos culturais, acesso à educação e nível de desenvolvimento das empresas. O Brasil segue a tendência mundial, mas a participação ainda é baixa”, afirma.

O estudo deixa esses fatores evidentes: entre 2004 e 2013, apenas 1,7% dos CEOs eram mulheres, na média do grupo formado por Brasil, Rússia e Índia. Nos Estados Unidos e Canadá, o índice é de 3,2% e no Japão, não chega a 1%. Mas, segundo Gondim, isso vem mudando. O estudo prevê que em 2040 um terço de todos os CEOs que estiverem ingressando nos cargos serão do sexo feminino.

Setores – Alguns setores, no entanto, mostram-se mais resistentes do que outros. No Ibovespa, o segmento de construção e engenharia é o único que não tem mulheres no conselho de administração de nenhuma empresa. Globalmente, segundo a Strategy&, a indústria de materiais, que inclui desde produtos químicos até materiais de construção, teve o menor porcentual de presidentes do sexo feminino entre 2004 e 2013. Já Tecnologia da Informação lidera com a maior participação.

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Cotas – Integrante do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a advogada Marta Viegas explica que o caminho escolhido por países como EUA e Suécia foi o estímulo gradual à participação feminina em cargos de gestão. Ao contrário da Noruega, que optou por cotas para mulheres no conselho, as empresas suecas apresentam equilíbrio semelhante entre homens e mulheres nos conselhos sem lançar mão dessa política.

O principal argumento de quem defende as cotas é o tempo necessário para que se alcance a igualdade de gêneros nos conselhos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), seriam necessários 200 anos para equilibrar os quadros das empresas em nível mundial.

No Brasil, Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, é uma das defensoras das cotas. “Se não for assim, nem nossas filhas nem mesmo nossas netas vão participar de conselhos.” Liderado pela executiva, o grupo de trabalho Mulheres do Brasil vai enviar ao Congresso um projeto de lei que estabelece cotas em conselhos de administração de estatais e empresas de economia mista. O objetivo é que o sistema seja transitório, até 2033, e garanta ao menos 30% dos assentos a mulheres.

(Com Estadão Conteúdo)

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