O banco Goldman Sachs será investigado pela Securities and Exchange Commission (SEC) – órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos. O processo, que foi aberto nesta sexta-feira, vai apurar se a instituição financeira e um de seus vice-presidentes fraudaram investidores. A acusação é que o Goldman fez declarações falsas e omitiu fatos sobre um produto financeiro ligado a hipotecas subprime – empréstimos imobiliários com alto risco de calote – logo no início da crise financeira nos Estados Unidos.
A SEC alega que o Goldman Sachs estruturou e comercializou produtos lastreados em hipotecas subprime, sem avisar aos clientes que eles estariam investindo em um ativo de alto risco. Paralelamente a isso, o banco oferecia um outro produto que apostava na queda destes títulos. Ou seja, a instituição oferecia um produto financeiro de risco a seus clientes e, ao mesmo tempo, apostava na queda deste ativo.
“O produto era novo e complexo, mas a fraude e os conflitos (de interesse) são velhos e simples”, disse Roberto Khuzami, diretor da divisão de aplicação de normas da SEC.
Khuzami explica que o conflito de interesses ficou evidente quando o Goldman permitiu que os investidores que estavam apostando na queda das hipotecas subprime influenciassem pesadamente na escolha dos títulos hipotecários que seriam incluídos em uma carteira de investimento oferecida a outros investidores. Isso significa que quem apostava na baixa escolhia os títulos que seriam comprados pelos investidores que apostavam na alta, sem que houvesse uma terceira parte independente mediando estes negócios.
Antes do anúncio da SEC, o Goldman Sachs foi tema de uma reportagem da revista americana BusinessWeek. Nela, a instituição se defende sobre as acusações de ter sido um dos bancos responsáveis pela crise. O banco alegava que sua participação em títulos subprime era muito baixa, o que foi desmentido nesta sexta pelas investigações da SEC.
Segundo o portal do New York Times, a ação judicial é a primeira tomada pelo poder público contra uma instituição financeira que se capitalizou durante a crise. A acusação contra o Goldman Sachs é parte da investigação da SEC sobre os bancos de investimentos que faziam negócios com produtos financeiros ligados ao mercado de moradia dos EUA, quando começou a crise financeira no país, segundo Kenneth Lench, chefe da unidade de produtos novos e estruturados da SEC.
Mercado reage com queda – Os principais mercados de ações da Europa fecharam em baixa acentuada com as ações dos bancos afetadas pelo inesperado anúncio sobre o Goldman Sachs.
Depois de fechar em seu nível mais elevado em um ano e meio, o índice europeu caiu 1,6%. Em Londres, o índice de ações recuou 1,04%. Na Bolsa de Valores de Frankfurt, o índice caiu 1,76%. O índice CAC-40, da Bolsa de Paris, recuou 1,94%.
No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou com queda de 1,56%. Nos Estados Unidos Dow Jones caiu 1,13% e a Nasdaq perdeu 1,37%.
Subprime europeu – O Goldman Sachs também esteve envolvido num escândalo envolvendo o governo da Grécia, num caso que passou a ser chamado de subprime europeu. O jornal The New York Times noticiou em fevereiro que a Grécia teria fechado acordos de derivativos com a instituição financeira, permitindo que dados sobre a dívida pública grega fossem camuflados. O banco receberia o dinheiro de volta por meio do controle da renda da loteria no país e de taxas aeroportuárias.
A acusação levou a Comissão Européia a abrir uma investigação sobre o tema e a requerer explicações para a denúncia de que a Grécia e outros governos europeus teriam mascarado suas dívidas para poder aderir ao euro com a ajuda de grandes bancos internacionais.
(Com Agência Estado)
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