Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

G20 termina com acordo surpreendente

A despeito das divisões internas, grupo obtém consenso sobre indicadores para medir desequilíbrios da economia, commodities e cesta de moedas

Por Ana Clara Costa, de Paris
19 fev 2011, 13h13

“Nós trabalhamos incansavelmente para aprovar esse acordo que tem o objetivo de criar crescimento sólido de países e empregos”, afirma Christine Lagarda, ministra das Finanças da França

O encontro do G20 – o grupo dos 19 países mais ricos do mundo, mais a União Europeia – terminou na tarde deste sábado em Paris com um acordo surpreendente sobre indicadores para medir os desequilíbrios da economia mundial, políticas para combater a especulação no mercado de commodities e a reformulação do sistema financeiro internacional.

Indicadores – Apesar da posição contrária dos BRICs (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, e agora também a África do Sul) em relação ao uso do saldo em conta corrente como índice para mensurar as distorções da economia internacional, este indicador foi aceito, disse a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde. Para que houvesse tal consenso, moedas de troca entraram em ação, beneficiando, sobretudo, a China. Segundo uma fonte da Associated Press, os juros que incorrem sobre as reservas internacionais chinesas (as maiores do mundo) não entrarão no saldo de conta corrente a ser considerado para a elaboração de um índice híbrido, que também incorporará o saldo da balança comercial. Essa ressalva fez com que o país asiático concordasse em ceder – levando consigo todos os BRICs.

Além deste, outros quatro indicadores serão utilizados pelo G20 para traçar futuras políticas que terão com objetivo reequilibrar a economia global: o déficit público e fiscal, o saldo de poupança privada, a dívida total do setor privado e a taxa de câmbio.

Commodities – Em troca do apoio em relação aos indicadores econômicos, os países do BRIC, que haviam tomado a decisão consensual de não apoiar qualquer tipo de limite nos preços das commodities, conseguiram o que queriam. O G20 aceitou a proposta de combater a especulação no mercado de derivativos agrícolas e de energia, criar novas políticas de transparência e trabalhar em conjunto com os organismos mundiais para ter um maior controle da real demanda por alimentos no mundo.

Continua após a publicidade

O raciocínio por trás desta decisão é que o interesse do mercado financeiro por ativos em commodities acaba mexendo com os preços finais. Isso acontece porque, ao perceber a tendência de alta, investidores passam a colocar recursos em fundos que têm rentabilidade atrelada às commodities. O resultado é que essa valorização que acontece nas bolsas de valores, por motivos meramente especulativos, acaba encarecendo, de fato, os produtos no mercado real.

A decisão também indica que foi aceito o argumento do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que impor limites aos preços das commodities teria como resultado apenas a retirada do incentivo para que os produtores investissem mais nas lavouras e ampliassem a produção. Com preços controlados, os agricultores tenderiam a produzir menos, o que só encareceria ainda mais as commodities. Diante deste argumento, o G20 prefere deixar os preços flutuarem livremente.

Cesta de moedas – A proposta de uma reformulação do sistema financeiro mundial, por meio do fortalecimento do Fundo Monetário Internacinal (FMI), também foi consensual. O G20 também concordou em aperfeiçoar o SDR – sigla em inglês para Direitos Especiais de Saque – do FMI. Trata-se de um instrumento, atrelado a uma cesta internacional de moedas, que dá a seu portador a possibilidade de trocar seu valor em diferentes divisas. Na visão dos BRICs, seria fundamental a redução do peso do dólar nesta cesta, com respectiva ampliação da participação das moedas dos emergentes, sobretudo do yuan chinês. O documento oficial do G20, contudo, não traz o detalhamento desta questão.

Em coletiva à imprensa após o encontro, a ministra francesa Christine Lagarde afirmou que os debates foram árduos, mas o resultado foi satisfatório. “Nós trabalhamos incansavelmente para aprovar esse acordo que tem o objetivo de criar crescimento sólido de países e empregos. Nós temos muito a ganhar com esse equilíbrio”, disse Christine.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.