FMI pressiona Argentina a melhorar qualidade de dados de inflação e PIB
O Fundo diz que espera melhorias nos indicadores dentro de 180 dias; ao menos por enquanto, não há menção sobre possíveis sanções ao país
Há suspeitas de que os governos do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua mulher e sucessora, Cristina Kirchner, manipulam indicadores oficiais
O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta quarta-feira que seu corpo executivo aprovou decisão em que pressiona a Argentina a melhorar, dentro de 180 dias, a qualidade dos dados sobre a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) que fornece ao fundo. “O corpo executivo lamenta a falta de progresso em alinhar os dados de inflação e PIB aos parâmetros internacionais”, diz o comunicado enviado à imprensa.
O governo argentino deve apresentar ao FMI as melhoras implementadas até 6 de setembro de 2012. O FMI não mencionou possíveis sanções. O Fundo já havia anunciado que avaliaria o índice que mede o avanço dos preços no país, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec).
Perda de credibilidade – O mercado questiona a veracidade dos dados do Indec pelo menos desde o começo de 2007, quando o então presidente da Argentina, Nestor Kirchner, substituiu parte do pessoal técnico do órgão por pessoas indicadas politicamente. Os economistas acusam o governo de manipular os índices de inflação, o que o governo nega.
Os críticos de Cristina observam que os índices de preços ao consumidor provinciais colocam a inflação consistentemente acima dos 20% anuais. Argumentam ainda que as elevações de salário apoiadas pelo governo, de 20% a 30% anuais nos anos recentes, equivalem a um reconhecimento implícito de que a inflação é mais alta do que os dados do Indec sugerem.
De acordo com o Indec, os preços ao consumidor subiram menos de 10% em 2011. No ano passado, o governo da presidente Cristina Kirchner chegou a reprimir institutos de pesquisas privados que publicavam suas próprias estimativas de inflação; foi estabelecida uma multa de 500 mil pesos (125 mil dólares) a quem divulgasse índices de preços. Alguns economistas chegaram a ser ameaçados com processos criminais.
Para proteger os analistas, um grupo de parlamentares (que desfrutam de imunidade) passou a publicar um índice alternativo de inflação, submetido por economistas e institutos do setor privado que preferem ficar anônimos. Esse índice subiu 23% no último ano.
(com Agência Estado)