Dólar opera em alta pela quinta sessão seguida e atinge R$ 3,06
Criação de vagas acima do esperado nos Estados Unidos impulsiona moeda americana. Preocupações sobre futuro de ajuste fiscal no Brasil também pesam
Após iniciar o dia em baixa, o dólar voltou a subir mais de 1% ante o real pela quinta sessão seguida, após o mercado de trabalho dos Estados Unidos anunciar a criação de mais vagas do que o esperado em fevereiro, reforçando as apostas de que os juros devem começar a subir em breve na maior economia do mundo. Às 13h30, a moeda norte-americana subia 1,76%, a 3,0645 reais na venda, perto da máxima da sessão. Na véspera, a divisa fechou a 3,01 reais pela primeira vez desde 13 de agosto de 2004. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 480 milhões de dólares.
A economia norte-americana abriu 295 mil postos de trabalho em fevereiro, acima da projeção de economistas consultados em pesquisa da Reuters, que previam 240 mil. O resultado deu fôlego às expectativas de que o aperto monetário nos EUA terá início em meados do ano, o que poderia atrair para o país recursos aplicados em outros mercados.
No começo da tarde, o dólar se fortalecia ante as principais moedas globais. No Brasil, preocupações sobre o futuro do plano de ajuste das contas públicas têm pressionado o dólar nas últimas semanas. Alguns investidores têm evitado ativos brasileiros, temendo que o governo não seja capaz de resgatar a credibilidade da política fiscal. “Toda a região (América Latina) está sofrendo, mas o real é especialmente vulnerável, em função dos problemas fiscais”, disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
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BC – A disparada da moeda americana levava muitos operadores a especular que o BC poderia elevar a oferta de swaps cambiais (que equivale à venda de dólares no mercado futuro) para rolar integralmente o lote que vence em abril. Essa expectativa contribuiu para manter o dólar em baixa pela manhã. “É uma pulga atrás da orelha. O mercado começa a se perguntar se pode vir mais swap”, resumiu o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.
Operadores também têm dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenções diárias no câmbio, marcado para durar até pelo menos o fim deste mês. Mais cedo, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que a recente depreciação cambial “corrige” em parte a apreciação que aconteceu nos últimos anos e não mostra descontrole cambial.
(Com agência Reuters)