Disparada do dólar já afeta preço e venda de veículos importados
Segundo a Abeifa, associação de empresas do setor, vendas de fevereiro recuaram 32,5% em relação ao ano passado e alta da moeda já começa a ser repassada ao mercado
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), Marcel Visconde, afirmou nesta terça-feira que a queda de 32,5% nas vendas de veículos importados novos em fevereiro ante igual mês do ano passado foi consequência principalmente do “baixíssimo” índice de confiança do consumidor brasileiro e da disparada do dólar nos últimos 60 dias. Ele citou também o menor número de dias úteis em fevereiro, devido ao carnaval, como um dos fatores negativos.
Em entrevista coletiva para comentar os resultados de fevereiro, o executivo destacou que o nível de confiança do consumidor chegou ao menor nível desde 2001, frente à falta de perspectivas positivas para a economia. “Não existem indicadores que vislumbrem otimismo”, disse. Ele ressaltou ainda que a alta do dólar, que subiu quase 20% nas últimas três semanas, também “sangra” para o importador brasileiro. “Como hoje o mercado não absorve esse aumento, ficamos em situação incômoda”, afirmou.
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O presidente da Abeifa disse ainda que o repasse da moeda norte-americana para o preço foi “muito pequeno” até agora, mas reconheceu que ele se tornará inevitável quando os estoques atuais se reduzirem. De acordo com o executivo, está difícil saber qual será a cotação do dólar nos próximos meses. Ele arriscou, porém, que a tendência é de alta. Sob o argumento que não há sinais de melhora da conjuntura econômica, Visconde reconhece que as demissões “não estão longe do radar” das concessionárias de importados no Brasil, “nem a redução de estrutura”. O executivo ponderou, contudo, que a intensidade desse movimento vai variar por associado.
A previsão da entidade é que os emplacamentos de automóveis e comerciais leves importados novos deverão totalizar 84.300 unidades em 2015, queda 10% na comparação com as 93.683 licenciadas no ano passado. Desta forma, os importados deverão manter o nível de participação no mercado brasileiro “em torno de 3%”, contra 2,9% em 2014.
A moeda americana encostou nos 3,13 reais na segunda-feira, pressionada por preocupações em relação à situação fiscal no Brasil e à necessidade de consenso no Congresso sobre a aprovação de medidas para melhorar as contas públicas. Nesta terça-feira, a moeda recuou para 3,10 reais, após atuação do Banco Central. Contudo, a queda da procura de brasileiros por veículos reflete não apenas a oscilação da moeda, como também as incertezas em relação ao mercado de trabalho e a elevação dos juros. A selic teve alta de 0,50 ponto porcentual na semana passada, o que elevou a taxa básica a 12,75% ao ano – a maior em seis anos.
(Da redação)