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Dilma insiste em plebiscito sobre reforma política e nega ‘tarifaço’ de energia após eleições

Presidente usou sabatina para relatar 'feitos' de seu governo e insistiu em agenda industrial propondo aquilo que prometeu e não fez em seus quatro anos de governo: a reforma tributária

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jul 2014, 19h06

Candidata à reeleição na disputa de outubro, a presidente Dilma Rousseff condenou nesta quarta-feira o discurso “pessimista” contra o governo e a capacidade de administração do país e voltou a negar que pretenda promover um “tarifaço” de energia após as eleições com reajustes nas contas de energia e de combustível. A uma plateia formada por empresários, a presidente insistiu na ideia oportunista de realizar um plebiscito para aprovar a reforma política, repetindo o discurso proferido no período das manifestações, em junho de 2013.

A presidente-candidata foi a última participante da sabatina promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília, que contou, mais cedo, com as presenças de Eduardo Campos e Aécio Neves, também candidatos pelo PSB e PSDB, respectivamente. Ao longo de sua exposição, Dilma preferiu elencar o que diz ter feito em seu governo e pouco explicou sobre medidas que adotaria, se reeleita no pleito de outubro. Confrontada com os principais adversários na corrida presidencial – Campos e Aécio, que acusaram o governo de segurar preços para controlar futuros desgastes nas urnas – a presidente resumiu as críticas ao pessimismo e disse que “expectativas pessimistas bloqueiam soluções e realizações”.

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Embora pesquisas internas do comando da campanha tenham detectado que a imagem da presidente-candidata tenha saído arranhada com o uso político que ela fez da Copa do Mundo, a petista citou a realização do Mundial como exemplo de um “surto de pessimismo” que não se concretizou. E mesmo com a deterioração do cenário econômico – com previsão de crescimento de apenas 0,9% em 2014 e inflação acima do teto da meta estabelecido pelo governo – a candidata também criticou a tese de que o Brasil estaria à beira de uma “tempestade perfeita”, um cenário de conjunção de erros na economia com fatores externos desfavoráveis.

“A pior coisa que pode acontecer a uma pessoa, a um Estado, a um governo e a empresários que têm que enfrentar desafios ou uma crise em especial na atividade econômica é ficar pessimista. O pessimismo tem o condão de ter consequências graves e na economia sabemos qual a influência da expectativa em fluxos globalizados”, disse. “Profecias negativas em períodos pré-eleitorais têm forte componente político. Tivemos surtos de pessimismo que não se realizaram, como o caso da tempestade perfeita com crise cambial de proporções avassaladoras”, afirmou.

Apesar de analistas apontarem para um risco considerável de racionamento de energia, com aumento da probabilidade de o país ter de decretar um corte superior a 4% da demanda de energia, Dilma também atacou os “pessimistas” que projetam este cenário e afirmou que “profecias extremamente pessimistas não se realizaram e não se realizarão”. “Essa história do tarifaço é prima-irmã de duas coisas: a tempestade perfeita e o racionamento de energia. Pregar tarifaço agora é para assustar pessoas e empresas. Essa história de tarifaço é mais um momento no sentido de instaurar pessimismo, expectativas negativas e comprometer crescimento do país”, disse.

Reforma política – Depois de ver fracassar sua tentativa de impor, por métodos bolivarianos, uma reforma política por meio de plebiscito, a presidente-candidata voltou a defender nesta quarta-feira a utilização da consulta popular para promover as mudanças no sistema político-eleitoral. O sonho petista passa pela proposta de que pessoas e empresas possam fazer doações de campanha para um fundo, sem escolher destinatários. Depois, o bolo de recursos seria repartido segundo a votação que os partidos tiveram na eleição anterior. Se tivesse sido consolidada nas eleições de 2014, por exemplo, a medida beneficiaria diretamente o PT e garantiria 67,59% dos recursos ao caixa petista. No Congresso, próceres do partido tentaram, em vão, empurrar para os demais parlamentares medidas de reforma política para que valessem já nas eleições deste ano, ainda que a Constituição estabeleça que leis que alterarem o processo eleitoral não podem ser aplicadas na eleição que ocorra no período de menos de um ano – mecanismo para preservar o direito individual do eleitor e blindar as eleições de influências casuísticas.

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“Só acredito que o Brasil fará a reforma política com ampla participação popular que dê a legitimidade dessa transformação. Definimos como sendo prioritário o plebiscito. Plebiscito é condição para se aprovar a reforma política no Brasil, uma reforma que de fato mude as práticas políticas, mude a institucionalidade, garanta uma efetiva transparência e, mais do que isso, diminua todo o risco de pressão sobre a esfera política”, disse a presidente-candidata. Em horário de expediente, Dilma participou da sabatina acompanhada de sete ministros de Estado e dos presidentes do BNDES, Luciano Coutinho, e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.

Reforma tributária – Apontada como um dos principais pleitos do setor industrial, a reforma tributária tende a sair do papel, segundo a presidente, se for discutida no Congresso Nacional de forma fatiada para minimizar os impasses federativos e a resistência de governadores e prefeitos. “Acredito que é muito mais difícil passar uma reforma integral e completa porque o processo de negociação fica muito complexo”, disse ela, afirmando que, se reeleita, poderia utilizar a força política do primeiro ano de governo para mais uma “tentativa” de aprovação de mudanças no sistema tributário, ainda que o governo já tenha encaminhado ao Congresso pontos como a unificação de alíquotas de ICMS.

Aos industriais, a presidente-candidata disse ter um “compromisso crível de fazer cada vez mais pela indústria brasileira”. “Vamos melhorar cada vez mais os ambientes de negócios. É necessário simplificar processos para um Brasil sem burocracia e em busca da necessidade para a competitividade sistêmica das empresas”, disse. A exemplo de Aécio Neves e Eduardo Campos, Dilma Rousseff também afirmou que pode avançar em acordos de comércio para ampliar a participação brasileira no cenário internacional e declarou que aceita pelo menos discutir temas caros à indústria, como políticas de desoneração, redução do Custo Brasil, desburocratização e ampliação de investimentos em infraestrutura.

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