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Conflitos internos atrapalham tentativas de salvar a OGX

Para evitar falência, a companhia tem até a próxima quinta-feira para depositar 44,5 milhões de dólares em pagamento de juros a detentores de títulos ou para entrar com pedido de recuperação judicial

Por Da Redação
28 out 2013, 17h48

Tentativas de salvar a petroleira OGX, carro-chefe do grupo de Eike Batista e principal responsável pela derrocada de seu império, têm sido prejudicadas por conflitos internos e decisões imprevisíveis do magnata brasileiro, disseram fontes próximas de Eike à agência Reuters.

A dificuldade de entender Eike – que há menos de dezoito meses possuía a sétima maior fortuna do mundo – e sinais confusos de consultores e gerentes sobre suas empresas têm interrompido as tentativas de renegociar cerca de 5 bilhões de dólares em títulos e dívidas com bancos da OGX. Enquanto isso, a empresa está ficando sem qualquer vestígio de dinheiro para manter suas operações em andamento.

Mesmo que novos investidores se interessem em investir em outras empresas do Grupo EBX (como LLX, MMX e MPX), os conflitos e atrasos na OGX fazem com que o pedido de recuperação judicial, amplamente esperado pelos investidores, confunda ainda mais o mercado, em vez de abrir caminhos para uma reestruturação suave, disseram as fontes.

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Falência – Na pior das hipóteses, caso os atrasos continuem, a OGX pode até mesmo enfrentar uma liquidação, o que deixaria muito pouco para os credores, disse uma das fontes, embora esse cenário seja considerado improvável. Ainda segundo a Reuters, apesar do cenário confuso, há rumores de que a empresa entre com o pedido ainda nesta semana.

Um pedido de recuperação judicial da OGX será o maior da história de uma empresa latino-americana, segundo dados da Thomson Reuters. Ele é não só um indicativo do tamanho da queda da estrela de Eike, mas também forneceria um duro teste à lei de falências do Brasil, criada há oito anos, sobre se ela oferece a proteção adequada aos credores.

O dramático declínio de Eike tornou-se um símbolo dos próprios problemas econômicos brasileiros após o fim de uma década de forte crescimento que tornou o Brasil uma das economias emergentes mais quentes do mundo. Caso os investidores estrangeiros não sintam que foram tratados de forma justa durante o processo de reestruturação, eles podem ficar menos dispostos a investir em outras empresas brasileiras.

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Os atrasos na reestruturação deixaram a OGX sem dinheiro e correndo risco ter suas concessões de petróleo, principais ativos da empresa, revogados pelo governo brasileiro. Embora a recuperação judicial não provoque um cancelamento automático das concessões, a OGX precisa encontrar dinheiro rapidamente para atender às exigências de gastos mínimos de capital do governo, disse a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em outubro.

Prazo no fim – O período de trinta dias que a OGX tem para depositar 44,5 milhões de dólares em pagamentos de juros aos detentores de títulos termina na próxima quinta-feira. A OGX vem tentando convencer os detentores de 3,6 bilhões de dólares em títulos a convertê-los em ações e a injetar mais 150 milhões na empresa para que ela não tenha que encerrar suas operações. A OGX ainda enfrentará um pagamento de 100 milhões de dólares em juros aos detentores de títulos em dezembro.

Construir um consenso entre credores, acionistas e o próprio Eike é essencial para que a OGX possa emitir um pedido de recuperação judicial, e em seguida avançar rapidamente com o processo de reestruturação pelos tribunais, evitando um calote da OGX em seus acordos contratuais com a ANP, disseram duas das fontes. “A proteção judicial é a única opção no momento”, disse uma delas.

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Os detentores da dívida da OGX incluem a Pacific Investment Management Co, administradora do maior fundo de títulos do mundo, e a BlackRock Inc, embora não esteja claro o volume que ela detém atualmente. Pimco e Blackrock não quiseram comentar o assunto.

Em entrevistas com seis fontes com conhecimento sobre as discussões de reestruturação, uma chamou as negociações da OGX com os credores “um circo” e outra as descreveu como “uma bagunça”. Três disseram que o estilo temperamental de Eike tornou as coisas mais difíceis para todos os envolvidos e exacerbou os conflitos entre um imbróglio de consultores.

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Os conselheiros reunidos por Eike incluem custosos homens de limpeza corporativa, experientes negociadores e até o pai de Eike, de 89 anos de idade, ex-ministro das Minas e Energia e ex-presidente-executivo da Vale. “Cada dia é uma nova aventura”, disse uma das fontes. “Você não sabe o que ele está pensando”, acrescentou a fonte referindo-se a Eike.

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Mercado – No acumulado do ano, as ações da OGX caíram mais de 90%, reflexo de uma produção menor que o esperado em seu primeiro campo marítimo, e com a empresa utilizando suas reservas de dinheiro com gastos para preparar o início da produção de petróleo em seus outros campos. A derrocada da OGX desencadeou uma reação em cadeia entre as outras empresas listadas de Eike, forçando-o a trazer novos investidores e diluir suas próprias participações, estando incapaz de usar suas ações restantes como garantia para empréstimos necessários às empresas.

(com agência Reuters)

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