Brasil será um país velho antes de ficar rico
Estudo do Banco Mundial aponta que idosos equivalerão a 29,7% da população brasileira e gastos previdenciários chegarão a 22,4% do PIB em 2050
Nos próximos 40 anos, a população brasileira vai crescer a uma média de apenas 0,3% ao ano, enquanto os idosos crescerão a uma taxa de 3,2% – 12 vezes mais. Assim, os mais velhos, que representavam 4,9% da população em 1950 – e demoraram 60 anos para dobrar essa proporção e chegar a 10,2% em 2010 -, vão triplicar para 29,7% até 2050. O alerta é de um relatório do Banco Mundial (Bird) chamado “Envelhecendo em um Brasil velho”, divulgado nesta quarta-feira.
Esta proporção esperada para 2050 é muito próxima dos 30% de idosos no Japão hoje (país que tem a população mais velha do mundo) e é mais do se verifica em todos os países europeus – a média deles é de 24%. Em números absolutos, eram 2,6 milhões de idosos brasileiros em 1950 e 19,6 milhões em 2010. Em 2050, eles serão 64 milhões.
Impacto na Previdência é alarmante – O Bird alerta que essas mudanças terão um enorme impacto no crescimento econômico, na saúde, na educação e na Previdência. No que diz respeito ao PIB, vive-se hoje a fase final do chamado bônus demográfico, que acaba em 2020. O bônus ocorre quando a população em idade de trabalhar cresce mais do que a população dependente, como crianças e idosos; permitindo maior crescimento econômico e poupança.
Do ponto de vista da Previdência, a situação é muito ruim. O estudo do Banco Mundial calcula que, se não fossem reformas brandas da Previdência dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, os gastos previdenciários subiriam para inacreditáveis 37% do PIB. Com as reformas, vão subir para 22,4% em 2050, o que é um número muito acima do máximo que qualquer país do mundo gasta atualmente com Previdência – os que mais gastam chegam no máximo a 15%.
Gasto maior com idoso do que com criança – O estudo afirma que “mesmo com os cenários mais otimistas, o crescimento dos gastos previdenciários vai dominar o panorama fiscal no Brasil”. Comprova, também, que o país se destaca por gastar muito mais com velhos do que com crianças. Assim, o Brasil gasta o mesmo que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com aposentadoria, apesar de ter metade ou menos de população idosa.
Naturalmente, sobra menos dinheiro para educação das crianças. O gasto por criança no Brasil é 9,8% do salário médio nacional, enquanto na OCDE o gasto chega a 15,5%. Por outro lado, o gasto previdenciário por pessoa aqui é 66,5% do salário médio, comparado com 30,4% na OCDE.
Na área de saúde, também há grandes implicações do envelhecimento, já que os gastos vão disparar. A previsão é de que o número de pessoas que cuidam de velhos profissionalmente vai ter que dobrar até 2020, e quintuplicar até 2050.
O lado bom do envelhecimento é a educação. A taxa de natalidade cada vez mais baixa significa que cada vez entrarão menos alunos no sistema educacional, e será uma grande chance de o Brasil gastar mais por aluno, e dar um salto qualitativo na educação – desde que, obviamente, se estanque a tendência de repassar todo o dinheiro adicional na área social e educacional para os idosos.
(com Agência Estado)