Bovespa cai 5,72%, uma das maiores baixas do mundo
O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, só perdeu para o Merval, índice da bolsa argentina, que recuou 6,01%
Perda da Bovespa acumulada no ano já soma 23,8%
Desde julho de 2009, em meio à crise financeira internacional, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) não registrava resultados tão ruins. No fechamento do pregão desta quinta-feira, às 17h23, o índice da bolsa paulista mostrou decréscimo de 5,72%, a 52.811 pontos. Ao longo do dia, o pregão chegou a pontuar quedas de cerca de 6%. Foram movimentados 9,6 bilhões de reais, sendo que as negociações já abriram em baixa de 2%.
Com o desempenho, a bolsa brasileira acumula perda de 23,8% no ano. A queda do dia também a situa entre as maiores baixas dos mercados de capitais mundiais. A Bovespa só perdeu para a Bolsa de Buenos Aires, cujo principal indicador, o Merval, cedeu 6,01%, a 3.109 pontos.
O dia foi caracterizado por prejuízos nas bolsas em todo o planeta, com poucas exceções no campo positivo. O mercado de renda variável (ações), considerado arriscado, foi penalizado pelo pânico instalado entre os investidores de que a economia mundial possa sofrer estagnação ou entrar em recessão novamente, o que foi instigado por alertas de autoridades europeias de que a crise da dívida do continente pode afetar nações ricas da zona do euro, como Itália e Espanha.
A performance particularmente ruim da bolsa brasileira pode ser interpretada, segundo analistas, pelo fato de o Ibovespa ser composto significativamente por ações de exportadoras de commodities, como a Vale e a Petrobras. Como esperam uma economia mundial desfavorável nos próximos meses, os investidores acreditam que essas companhias nacionais entregarão resultados ruins. Com isso, preferem vender seus papéis, o que puxa o Ibovespa para baixo.
À semelhança das bolsas brasileira e argentina, outros dois mercados latino-americanos – também relativos a países com forte presença de empresas produtoras de commodities – destacaram-se pela performance ruim: a bolsa peruana teve queda de 5,56% e a chilena, de 3,94%.
Eike Batista – As duas maiores baixas do Ibovespa foram verificadas em ações de empresas do bilionário Eike Batista: as ordinárias da MMX, que atua no ramo de mineração, amargaram declínio de 16,07%; ao passo que as ON’s da LLX, do setor de logística, tiveram desvalorização de 13,25%. Também como destaque negativo figuraram as ações ordinárias da Marfrig, grande produtora e exportadora de carnes, que recuaram 13,33%.
Na Europa, a bolsa de Frankfurt, fechou o dia em queda de 3,4%, seguido da francesa CAC 40, com baixa de 3,9%. O londrino FTSE 100 caiu 3,43%. Mais baixas vieram da Itália e Espanha, os novos alvos da crise do euro. Em Milão, o FTSE MIB fechou com uma perda de 5,16% e o IBEX espanhol teve desvalorização de 3,89%.
Nos Estados Unidos, que já sofriam pressão nos dias anteriores por conta das indecisões em relação ao plano anticalote, o dia também foi de nervosismo. O índice Dow Jones caiu 4,31%, ao passo que a bolsa eletrônica Nasdaq apresentou queda de 5,08%.
Na Ásia, contrariando a tendência mundial, Japão e China apresentaram leves altas, ambos de 0,20% cada. Já a Hang Seng, de Hong Kong, teve baixa de 0,49%.