As vendas de imóveis residenciais novos vêm crescendo em ritmo inferior aos lançamentos desde meados de 2011.

O cenário para o mercado imobiliário brasileiro para este ano é de cautela. Na esteira da desaceleração já vista em 2011, o calo parece ter apertado mais para o setor, que começa a ver a euforia desenfreada de 2010 ser substituída por preocupação. “Vamos ver um crescimento menor que em 2011, que foi o começo do período de ajuste”, disse o analista Marcelo Motta, do JP Morgan.

Na visão de especialistas, o desaquecimento resultou em crescimento menor no ano passado e deve se intensificar nos próximos meses. Por esses motivos, as empresas terão que administrar altos volumes de lançamentos, endividamento considerável e necessidade de gerar caixa. Além disso, segundo Mota, é necessário priorizar os resultados, concentrando as operações em segmentos e regiões onde já atuam para garantir melhores margens.

O analista Paulo César das Neves, da LCA, citou ainda a elevação dos preços de imóveis como inibidor da demanda. “É pouco provável uma queda abruta dos preços em 2012”, afirmou.

No entanto, ainda que o cenário pareça preocupante, a perspectiva não é totalmente pessimista. De acordo com os especialistas, a demanda que se mantém em níveis saudáveis e indicadores macroeconômicos, como inflação e confiança do consumidor sob controle, devem contribuir para amenizar a desaceleração prevista.

“O mercado imobiliário residencial está mais difícil do que antes, mas não estamos em ‘modo de crise’ como em 2008/2009”, disse o analista Guilherme Rocha, do Credit Suisse. Contudo, a expectativa é que em 2012 os indicadores de rentabilidade das incorporadoras e construtoras serão acompanhados mais de perto, com foco na geração de caixa ao longo do ano.

“A retomada estrutural do setor vai exigir a combinação de mais clareza dos cenários mundial e local, maior visibilidade dos balanços das companhias e uma clara tendência de geração de caixa positivo”, afirmou Rocha.

Construção em crescimento – A construção civil brasileira deve crescer 5,2% em 2012, após fechar o ano passado com alta de 4,8%, conforme previsões do Sindicato da Construção (SindusCon-SP). Em 2010, o avanço foi de 15,2%. “A previsão para 2012 deve se concretizar desde que o governo continue tomando medidas econômicas para assegurar o crescimento do PIB”, afirmou a entidade em dezembro.

Conforme dados do sindicato da habitação Secovi-SP, referentes à cidade de São Paulo, as vendas de imóveis residenciais novos vêm crescendo em ritmo inferior aos lançamentos desde meados de 2011. “Parte dessa divergência entre os ritmos de crescimento pode ser atribuída à desaceleração da atividade econômica como um todo”, ressaltou Neves, da LCA.

(Com agência Reuters)