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“A adesão dos minoritários frustrou o governo”

Numa capitalização com cara de estatização, o estado esperava conquistar mais de 50% das ações da Petrobrás, afirma o analista Adriano Pires

Por Ana Clara Costa
24 set 2010, 17h12

“Uma vez que a maior parte das novas ações será adquirida com dinheiro público, foi uma capitalização com cara de estatização. Mais uma jabuticaba, mais uma daquelas coisas que só existem no Brasil”

O desrespeito ao acionista minoritário foi a principal característica do processo de capitalização da Petrobras. A opinião é de Adriano Pires, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “Se não houvesse adesão de última hora, o governo compraria todas as novas ações e diluído ainda mais a participação dos minoritários na empresa”, disse o especialista ao site de VEJA. Com o crescimento da fatia do governo na Petrobras de 39% para estimados 48%, Pires afirma que o processo todo teve o gosto amargo de uma “capitalização com cara de estatização”.

Na hipótese de a participação do governo se confirmar em 48%, depois de fechadas as contas, o que isso significa para o investidor?

O fato de o governo elevar sua participação no capital social da Petrobras dos atuais 39% para 48% significa maior interferência política na administração da empresa. Para os minoritários, tudo isso é muito ruim. Significa um aumento do risco político, da possibilidade de o governo pressionar a Petrobrás a tomar decisões que não sejam as melhores do ponto de vista da gestão. Isso pode, lá na frente, reduzir a rentabilidade das ações.

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Os minoritários, no entanto, aderiram ao processo de capitalização. Isso não significa que estão pouco preocupados com o papel que o estado vai desempenhar na empresa?

A Petrobras é uma empresa promissora. Ninguém queria ficar fora da capitalização. A adesão do mercado poderia ter sido ainda mais alta se o peso da política no processo todo não tivesse sido tão grande. Os minoritários pagaram para ver o que acontecerá daqui para frente. Agiram também por medo de ver sua paticipação na empresa mais diluída ainda do que foi, com essa fatia de 48% abocanhada pelo estado.

A adesão do mercado frustrou as expectativas do governo?

Com certeza a adesão de última hora dos minoritários frustrou o governo. O estado pretendia ficar com mais de 50% da empresa. Teria comprado todas as novas ações que sobrassem se os minoritários não tivessem entrado na história.

Em retrospecto, o que caracterizou essa operação de aumento no capital da Petrobras?

Do inicio ao fim, esse processo foi marcado pela politização, pela falta de transparência, pelo maltrato ao acionista minoritário. Uma vez que a maior parte das novas ações será adquirida com dinheiro público, foi uma capitalização com cara de estatização. Mais uma jabuticaba, mais uma daquelas coisas que só existem no Brasil.

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