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Ratos conseguem mover os olhos em direções opostas

Ao conseguir sustentar linhas de visão diferentes para cada olho, tanto na vertical quanto na horizontal, o animal mantém seu campo de visão sempre voltado para cima — de onde os predadores atacam

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h20 - Publicado em 27 Maio 2013, 17h22

Cientistas do Instituto Max Planck de Cibernética Biológica, na Alemanha, descobriram que os ratos são capazes de mover seus olhos em direções opostas, tanto no plano horizontal quanto no vertical. Usando câmeras em miniatura e sensores de movimento, os pesquisadores descobriram que cada olho do animal se move em uma direção diferente, a depender do posicionamento de sua cabeça.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Rats maintain an overhead binocular field at the expense of constant fusion

Onde foi divulgada: periódico Nature

Quem fez: Damian J. Wallace, David S. Greenberg, Juergen Sawinski, Stefanie Rulla, Giuseppe Notaro e Jason N. D. Kerr

Instituição: Instituto Max Planck de Cibernética Biológica, na Alemanha

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Dados de amostragem: Ratos com câmeras acopladas à sua cabeça, que gravaram o movimento de seus olhos.

Resultado: Os pesquisadores descobriram que os olhos podem se mover em direções opostas, tanto no plano vertical quanto no horizontal. Isso garante que o campo do animal de visão esteja sempre voltado para cima – de onde viriam possíveis predadores.

Esse movimento exclui a possibilidade de o rato fundir as informações visuais de ambos os olhos em uma só imagem, como fazem os humanos. Em vez disso, ele permite que o espaço acima do animal esteja sempre à vista – muito provavelmente uma adaptação evolutiva que surgiu para lidar com inúmeras espécies de pássaros predadores que atacam a partir do alto. O estudo foi publicado neste domingo no site da revista Nature.

Essa é a primeira vez em que cientistas conseguem caracterizar com precisão os movimentos livres dos olhos de ratos. Para isso, eles posicionaram pequenas câmeras – pesando cerca de um grama – na cabeça do animal, capazes de gravar os movimentos muito rápidos de seus olhos. Eles também acompanharam a posição e os movimentos da cabeça, o que permitiu reconstruir a linha exata de visão de cada olho do animal a qualquer momento.

O resultado, segundo os cientistas, foi uma grande surpresa. Apesar de os ratos processarem as informações visuais por meio de mecanismos cerebrais semelhantes ao dos outros mamíferos, seus olhos se movem de modo muito diferentes. “Nos seres humanos, os olhos se movem juntos, sempre seguindo o mesmo objeto. Já nos ratos, os olhos geralmente se movem em direções opostas”, diz Jason Kerr, pesquisador do Instituto Max Planck de Cibernética Biológica.

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Movimentos – Os seres humanos conseguem ter noção de profundidade – e enxergar de modo tridimensional – por causa da sobreposição dos campos visuais de seus olhos. Para isso, é necessário que seus olhos estejam sempre voltados para a mesma direção. Mesmo quando o homem move sua cabeça livremente, reflexos inconscientes garantem que os olhos estejam sempre alinhados.

Nos ratos, os pesquisadores também descobriram que a posição dos olhos depende do movimento de sua cabeça. No entanto, em vez de garantir o alinhamento dos campos de visão, o movimento faz com que se voltem sempre para cima. “Quando a cabeça do animal aponta para baixo, seus olhos se voltam para trás, para longe da ponta do nariz. Quando ele levanta a cabeça, os olhos olham para frente: como se o animal estivesse vesgo. Se ele deita a cabeça para o lado, o olho na extremidade mais baixa se move para cima, e o outro olho para baixo”, explica Kerr.

Nos humanos, a direção para a qual os olhos se voltam precisa estar precisamente alinhada para que um objeto possa ser fixado – um desvio de menos de um grau é suficiente para causar visão duplicada. Já entre os ratos, o movimento oposto dos olhos permite que suas linhas de visão variem em até 40 graus no plano horizontal e 60 graus no plano vertical. A consequência disso é que, não importa quão vigorosos sejam seus movimentos, seus olhos sempre se movem de modo a garantir que a área acima do animal esteja vigiada – algo que não acontece em nenhuma outra região de seu campo de visão.

Segundo os pesquisadores, essa característica pode ter surgido como uma adaptação evolutiva – um modo de se adequar às condições que o rato enfrenta na natureza, onde é atacado do alto por diversas espécies de aves. Apesar de impedir a fusão dos dois campos de visão, os cientistas dizem que o movimento oposto de seus olhos aumenta em muito suas chances de sobrevivência.

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