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Cientistas criam mosquitos imunes à malária

A descoberta pode tornar possível a erradicação da doença, que mata um milhão de pessoas por ano

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h16 - Publicado em 16 jul 2010, 17h10

Todos os anos, um milhão de pessoas, a maioria crianças, morrem por causa da malária – uma infecção parasítica transmitida por um mosquito. Mas, no futuro, esses números podem reduzir drasticamente, até a erradicação total da doença. Pesquisadores americanos da Universidade do Arizona, EUA, criaram um mosquito imune a malária. Ou seja, eles não são infectados e por isso não conseguem infectar seres humanos.

Para que a malária se espalhe, o mosquito fêmea da espécie Anopheles precisa ingerir o parasita Plasmodium sugando o sangue de uma pessoa ou animal já infectados. Uma vez dentro do mosquito, o parasita passa por duas semanas de maturação, saindo da região central do corpo do inseto para a glândula salivar. Aí sim, o parasita está pronto para ser espalhado para outros hospedeiros humanos em novas picadas.

Felizmente para os humanos, os mosquitos da malária raramente sobrevivem mais do que duas semanas. Portanto, se os pesquisadores conseguissem reduzir o tempo de vida do inseto, o impacto na transmissão do parasita seria enorme.

A equipe americana desenvolveu um código genético que atua como “interruptor” molecular do controle de funções metabólicas nas células do inseto. Os cientistas inseriram o gene num mosquito para que o interruptor estivesse sempre aceso e provocasse a atividade permanente de uma enzima, chamada Akt, que funciona como mensageira em várias funções metabólicas, incluindo o desenvolvimento da larva, a resposta imunológica e a duração do ciclo de vida.

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Em seguida, a equipe produziu um mosquito que expressa um alto nível da enzima Akt, e descobriram que a variante transgênica no inseto, além de viver menos do que duas semanas – aproximadamente 11 dias – é imune ao parasita Plasmodium.

Durante anos, várias equipes tentaram criar mosquitos modificados geneticamente que não infectariam seres humanos. Mas os esforços haviam fracassado porque os insetos não eram 100% imunes e ainda podiam – em números menores – transmitir o parasita. A nova pesquisa parece oferecer potencialmente um novo método para eliminar a doença.

A intenção é que o sistema imunológico do inseto esteja sempre combatendo o parasita e que a enzima ajude a reduzir seu ciclo de vida. Isto é possível porque os mosquitos só são capazes de transmitir a doença quando estão próximos de morrer. Na vida silvestre, os mosquitos vivem em média duas semanas e só as fêmeas mais velhas são capazes de propagar o parasita por meio de picadas.

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Michel Riehle, um dos autores da pesquisa, disse que se o ciclo de vida foi reduzido, o mesmo poderia acontecer com o numero de infecções. Para comprovar a tese, os cientistas alimentaram com sangue infectado de malária a nova geração de mosquitos modificados e notaram que o parasita Plasmodium não contagiou nenhum inseto envolvido no estudo. “Ficamos surpresos”, disse Riehle. “Esperávamos ver algum efeito na taxa de crescimento dos mosquitos, na duração do ciclo de vida ou sua suscetibilidade ao parasita, mas foi extraordinário observar que nosso modelo bloqueou completamente o processo de infecção.”

A descoberta é importante porque basta um único parasita para tornar o mosquito transmissor da malária – mesmo que apenas um Plasmodium sobreviva, ele pode se reproduzir aos milhares dentro dos mosquitos. A equipe ainda não sabe como a malária está morrendo dentro do inseto, mas está investigando, uma vez que a informação pode ser usada para produzir mosquitos ainda mais resistentes ao parasita.

Fora do laboratório, para que os mosquitos transgênicos possam ser realmente eficientes contra a malária, os insetos terão que vencer a seleção natural até substituir aqueles que a transmitem. E isso não é tarefa nada fácil. Para isso, os cientistas terão que desenvolver alguma característica ao mosquito modificado, que ofereça uma vantagem de sobrevivência em relação aos mosquitos transmissores.

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Uma das ideias é liberar os insetos modificados em regiões onde a malária é endêmica e avaliar, durante várias gerações, se a resistência à infecção poderá se estender a toda a população de mosquitos. Serão vários anos de investigação para comprovar se os insetos podem ser liberados sem consequências para o meio ambiente. Ainda assim, os especialistas crêem que com o lento avanço das pesquisas para desenvolver uma vacina, a possibilidade de erradicar a malária no inseto que a transmite ainda é uma possibilidade mais real do que a de erradicar o parasita Plasmodium.

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