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Hugo Carvana critica o ‘humor de televisão’ no cinema

No lançamento de 'Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo', que tem Tarcísio Meira no papel principal, o diretor diz que blockbusters atuais são apenas uma sucessão de esquetes

Por Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
4 ago 2011, 17h30

‘Tarcísio Meira perguntava a toda hora se eu achava que o papel era para ele mesmo. Eu respondia que não achava, eu tinha certeza que o personagem era ele. Se quisesse escalar um malandro, chamaria Paulo César Pereio”

“Na época da ditadura tinha o cinema politicamente engajado e eu era um diretor de comédia, em seguida veio a pornochanchada e eu continuei um diretor de comédia. Depois veio o cinema moderno; o fim do cinema, com o Collor; a retomada; e agora a comédia está em alta de novo”, comemora Hugo Carvana, diretor do filme Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, que chega aos cinemas de todo o país nesta sexta-feira.

Carvana garante que mesmo que os filmes de humor percam espaço no mercado cinematográfico brasileiro ele continuará fiel ao gênero. “Não sou um diretor modista. Se a moda passar, eu continuarei aqui fazendo comédia”, afirma, para emendar uma crítica pesada aos atuais blockbusters engraçadinhos do cinema nacional – que tem como melhor exemplo Cilada.com.

“Não quero criticar ninguém, mas o que fazem por aí é humor de televisão”, diz Carvana, para quem as comédias atuais são apenas uma sucessão de piadas contadas por um ator famoso. “Nas minhas comédias a graça está na ação, no movimento, não em piadas ou bordões”, completa. Curiosamente, Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, além de intitular o filme é o bordão do protagonista do filme, Ramon Velasco, um ator aposentado, que viaja pelo interior do Brasil numa Kombi, promovendo o show de seu filho, Lalau (Gregório Duvivier), um ator de stand up comedy.

Tarcísio Meira em 'Não se preocupe, nada vai dar certo', dirigido por Hugo Carvana
Tarcísio Meira em ‘Não se preocupe, nada vai dar certo’, dirigido por Hugo Carvana (VEJA)
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Para interpretar Ramon, o diretor chamou o amigo Tarcísio Meira. Ausente do cinema há 21 anos, desde que atuou na versão cinematográfica de Boca de Ouro, adaptação da peça de Nelson Rodrigues, dirigida por Walter Avancini, Tarcisão pensou em recusar o papel. “Tarcísio perguntava a toda hora se eu achava que o papel era para ele mesmo. Eu respondia que não achava, eu tinha certeza que o personagem era ele”, diz Carvana, justificando que, se quisesse escalar um malandro, chamaria Paulo César Pereio. “Eu queria um ator que passasse credibilidade, que fizesse o público acreditar nele, mesmo sendo um trambiqueiro. Nem o Pereio, nem eu, jamais poderíamos fazer o Ramon porque todo mundo já nos associa com malandros”, justifica, às gargalhadas.

Diretor de outros sete longas – Casa da Mãe Joana (2008); Apolônio Brasil (2003); O Homem Nu (1997); Vai Trabalhar, Vagabundo 2 (1991); Bar Esperança (1982); Se Segura Malandro (1978); e Vai Trabalhar, Vagabundo (1973) – Carvana ressalta que se sente mais ator do que diretor. Fez 92 papeis no cinema, e não resistiu a uma participação agora. “Todo ator de verdade sente falta de atuar. Eu como diretor tinha o poder de me escalar para o papel principal, mas, como disse, acho que não faria bem. Então, fiz questão de fazer essa ponta como Zimba. O papel me emocionou muito. Principalmente a cena com o Gregório no Retiro dos Artistas.”

O cineasta também se emociona ao falar de do título da comédia “É homenagem ao meu saudoso parceiro Armando Costa. Foi ele quem me ensinou a escrever para cinema. Ele era roteirista dos meus filmes e sempre atrasava a entrega dos textos. Quando eu reclamava. ele dizia: ‘Carvana, não se preocupe, nada vai dar certo’. Era a maneira dele dizer para eu relaxar, pois a tendência era dar tudo errado e se alguma coisa desse certo a gente já estaria no lucro”, recorda.

Com a morte de Costa, Hugo formou nova parceria com Paulo Halm, roteirista de Nada Vai dar Certo e da continuação Casa da Mãe Joana 2, programada para ser filmada em 2012. “O Paulo é quem organiza as minhas idéias. Eu escrevo muito e quando não dá para entender mais nada, eu levo para ele colocar em ordem e fazer um roteiro. Já estou com outro filme na cabeça, que é a história de um batedor de carteira. Essa profissão foi aposentada pelas calças jeans, que são apertadas e tiraram o emprego desse bom malandro”, conta Hugo, adiantando que, nesse próximo filme, não abrirá mão de se escalar como protagonista. Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo tem também no elenco Ângela Vieira, Flávia Alessandra e Herson Capri.

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