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Reedição de ‘Mein Kampf’ na Alemanha é recebida com muita polêmica

Por Por Yannick Pasquet
18 jan 2012, 16h46

Os historiadores receberam com aprovação a notícia de que o livro “Mein Kampf”, Minha luta, de Adolf Hitler, será reeditado na Alemanha pela primeira vez, desde a queda do regime nazista em 1945, mas os sobreviventes do holocausto judeu não mostraram o mesmo entusiasmo.

O editor britânico Peter McGee adiantou que publicará o manifesto antissemita, que detalhou a visão de Hitler muito antes de sua chegada ao poder em 1933, junto com comentários que situam a obra num contexto histórico.

Para diversos acadêmicos, chegou o momento de derrubar os tabus que ainda cerca6m essa obra na Alemanha.

“Acho que temos uma abordagem muito tímida em relação ao livro na Alemania. Uma pessoa pode ter acesso a ele em todo o mundo, havendo, inclusive, uma tradução para o hebreu, em Israel”, disse à AFP Horst Poettker, autor das várias anotações que vão acompanhar a obra.

“Acho que devemos apresentar o ‘Mein Kampf’ para o maior número de pessoas possível, porque é a melhor maneira de descobrir o que pensava o Nacional Socialismo e por que a ideologia atraía tanto”, comentou.

Grupos judeus, no entanto, mostraram-se divididos sobre o assunto; alguns até disseram que McGee estava brincando com fogo.

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“Os sobreviventes do Holocausto estão em estado de choque ante a falta de sensibilidade e o puro sentido comercial que motiva a edição do livro cheio de ódio que marcou o regime de terror nazista”, disse Elan Steinberg, do Grupo de Sobreviventes do Holocausto e seus Descendentes.

Steinberg pediu que o estado da Baviera, que possui os direitos de todas as publicações da principal editora nazista, tome as medidas necessárias para impedir a publicação.

O ministério da Justiça na Baviera limitou-se a comentar que analisava a questão do ponto de vista de violação dos direitos autorais.

McGee disse à AFP que “uma brochura de 12 a 15 páginas” será publicada no dia 26 de janeiro com extratos de “Mein Kampf” de um lado e comentários de historiadores conhecidos, na página oposta.

“Todos consideram e veem o livro como uma espécie de diabólica bíblia nazista. Mas quase ninguém o leu e portanto não sabem que é um trabalho confuso e de péssima qualidade, escrito por uma mente totalmente distorcida”, afirmou.

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O líder do Conselho Central Judeu da Alemanha, Dieter Graumann, deu seu apoio ao projeto, embora a contragosto.

“Seria melhor se não fosse publicado, mas se tem que ser assim, então que seja acompanhado por comentários situando-o no contexto histórico”, disse à AFP.

“Mein Kampf” não está formalmente proibido na Alemanha. Mas, desde o final da Segunda Guerra Mundial, a Bavária – que possui os direitos pelas obras até 2015, 70 anos depois da morte de Hitler – nunca permitiu reedições.

O livro foi escrito em 1924, quando Hitler estava numa prisão da Bavária. Combina elementos de uma autobiografia e explica sua visão da pureza racial ariana, seu ódio aos judeus e a radical oposição ao comunismo.

Aproximadamente 10 milhões de cópias foram publicadas na Alemanha, até 1945, de acordo com o historiador britânico Ian Kershaw. A partir de 1936, cada casal alemão de recém-casados recebia uma, como presente do estado nazista.

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McGee pretende lançar extratos do livro com uma circulação de aproximadamente 100.000 exemplares. Em 2009, já havia causado polêmica quando começou a distribuir reproduções do jornal de propaganda nazista Voelkischer Beobachter (People’s Observer), com notas de historiadores.

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