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PT tentará nova composição com Sérgio Cabral nesta quarta-feira

Petistas acatam estratégia de Lula e vão oferecer a Cabral apoio para seu nome no Senado, em troca da desistência de Pezão. PMDB rejeita a ideia, apesar do fraco desempenho do vice-governador nas pesquisas

Por Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jan 2014, 15h27
Sérgio Cabral e Pezão em reunião com prefeitos de cidades afetadas pela chuva: anúncio de 'patrulha de limpeza'
Sérgio Cabral e Pezão em reunião com prefeitos de cidades afetadas pela chuva: anúncio de ‘patrulha de limpeza’ (VEJA)

A novela que envolve a agonizante relação entre PT e PMDB no Rio terá mais um capítulo nesta quarta-feira. Em um encontro marcado para as 11 horas com o governador Sérgio Cabral, o presidente do PT fluminense, Washington Quaquá, vai propor uma nova composição para a aliança em 2014, um movimento inédito dos petistas. O novo plano do PT é oferecer a Cabral apoio para disputar o Senado, recebendo em troca o apoio à candidatura de Lindbergh Farias ao governo. Para tanto, seria necessário abortar a candidatura de Pezão pelo PMDB. O site de VEJA apurou o passo a passo da crise que se instalou na aliança liderada pelos dois partidos, pontuada por constantes intervenções do ex-presidente Lula.

“A candidatura dele (Cabral) ao Senado só é viável se ele fizer aliança. Nós topamos ter uma aliança da base do governo Lula com Cabral ao Senado e (Marcelo) Crivella de vice. Essa é a chapa ideal”, diz Quaquá, defendendo abertamente o projeto de Lula para o Estado.

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A parte mais difícil do projeto é convencer o PMDB a abrir mão da candidatura ao governo. Cabral e a cúpula do PMDB fluminense não dão qualquer sinal de que podem desistir do projeto encabeçado por Pezão. “Aqui ninguém dita regra. Respeitamos o Lula, mas ele não tem influência no PMDB do Rio”, disse Jorge Picciani, presidente da sigla ao site de VEJA. A compensação para o vice-governador seria receber um ministério de grande visibilidade num eventual segundo mandato de Dilma.

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A aliança de 2010

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Em 2010, PT e PMDB selaram uma aliança no Rio de Janeiro para eleger Dilma Rousseff e reeleger Sérgio Cabral. Os partidos caminharam lado a lado e celebraram o clima festivo como um legado de Lula. A parceria estava tão consolidada que, naquele ano, Lindbergh chegou a dizer em um discurso que Luiz Fernando Pezão seria o próximo governador do Rio, como ficou registrado em um vídeo no YouTube.

https://www.youtube.com/embed/_UFSfW3LjRA
Lindbergh põe o pé na estrada

Lindbergh começou 2013 com o pé no acelerador. Acertou com João Santana, o marqueteiro de Dilma e Lula, para fazer seus programas de TV e assumiu a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O ex-líder dos ‘cara pintada’ pretendia desfazer de vez a imagem de  comunista e apresentar-se mais maduro para o empresariado e uma parte do eleitorado que ainda o considera inexperiente. Lindbergh também iniciou o planejamento de caravanas para percorrer o Estado – chegou a tomar banho na casa de moradores e participar de aniversários de futuros eleitores. O modelo de candidatura está claro em uma das inserções de TV produzidas no ano passado.

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A pré-campanha de Pezão

Luiz Fernando Pezão transformou as inaugurações, como vice-governador e secretário de Obras do Estado, em fase inicial de sua pré-campanha. O candidato natural do PMDB investiu em sua imagem, com dieta para redução de peso e contratação de um serviço para acabar com a timidez diante dos microfones. O jeito menos extrovertido – oposto ao de Cabral – já foi alvo de brincadeiras entre aliados. Em uma reunião recente do PSL, no Clube Municipal, na Tijuca, o tema foi abordado pelo deputado estadual Átila Nunes: “Quem disse que precisa de carisma para ganhar? Tem que ser trabalhador”. A frase, dirigida a minimizar um dos problemas do vice-governador, o incomodou. “Ganhei duas eleições no primeiro turno em Piraí. Se isso não é ter carisma…”, retrucou Pezão. A falta de traquejo fez com que, em vários momentos do ano, houvesse a especulação de que Eduardo Paes seria o candidato do PMDB à sucessão de Cabral. Sem pressa para alçar voos mais altos, Paes rejeita a ideia e afirma que quer ser o prefeito do Rio durante as Olimpíadas de 2016. Simples assim.   

Governador Sérgio Cabral é o mais atacado nos protestos do Rio de Janeiro
Governador Sérgio Cabral é o mais atacado nos protestos do Rio de Janeiro (VEJA)

Manifestantes acampados na rua de Sérgio Cabral perguntam por pedreiro desaparecido
Manifestantes acampados na rua de Sérgio Cabral perguntam por pedreiro desaparecido (VEJA)

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, e o governador Sérgio Cabral, na inauguração da 33ª UPP, no morro Cerro-Corá
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, e o governador Sérgio Cabral, na inauguração da 33ª UPP, no morro Cerro-Corá (VEJA)

Pré-candidato petista ao governo do Rio, Lindbergh Farias faz corpo a corpo em Japeri
Pré-candidato petista ao governo do Rio, Lindbergh Farias faz corpo a corpo em Japeri (VEJA)

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O cenário eleitoral hoje pode ser mensurado por duas pesquisas do fim de 2013 – uma do Datafolha e outra do Ibope. No Datafolha, Garotinho lidera com 21% das intenções de voto. Lindbergh e Crivella dividem o segundo lugar, com 15% cada um. Cesar Maia ocupa a quarta posição com 11%. Pezão (PMDB) tem 5%, Miro Teixeira (Pros) aparece com 3%, Bernadinho do Vôlei (sondado pelo PSDB) e Milton Temer (PSOL) somam 2% cada um. O levantamento mostra ainda que 18% dos eleitores votariam em branco ou nulo e 8% não sabem quem escolher.

No Ibope, mais nomes foram testados. Crivella aparece com 16%; Garotinho, com 13%; e Lindbergh, com 11%. Jandira Feghali (PC do B) aparece com 6%, Cesar Maia (DEM) tem 5%. Pezão, 4%, mesmo porcentual de Bernardinho. Miro Teixeira, ficou com 2%, e o prefeito de São João de Meriti, Sandro Matos (PDT), com 1%.

O ex-presidente trata o Rio como peça-chave do tabuleiro eleitoral. Em São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin está na dianteira na corrida ao governo; em Minas Gerais, é dado como certo que o ex-governador Aécio Neves, oponente de Dilma, abocanhará boa parcela de votos. Outro eleitorado importante para o PT, o de Pernambuco, deverá pender para as hostes do governador Eduardo Campos. Lula sabe que não pode deixar Cabral à deriva, sob o risco de que a poderosa engrenagem do PMDB fluminense não trabalhe em prol de Dilma. Trata-se da maior e mais ramificada estrutura de poder no Estado, com cerca de 10.000 cabos eleitorais instalados em 24 prefeituras.

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Lula tenta evitar o duplo palanque no Rio. Dilma, por sua vez, não vê grande problema caso isso ocorra durante a campanha. A presidente nutre simpatia por Pezão, a quem em público já chamou de “pai do PAC” e, em círculos mais restritos, de “leão da montanha”. Com Lindbergh, o tratamento é bem diferente. Ela se refere ao petista como “moleque” e não o perdoa por ser abertamente entusiasta do “Volta Lula”.

Pezão ainda não convenceu o partido de que pode vencer. A candidatura do PMDB patina hoje nos 5% das intenções de voto, ancorada na péssima popularidade de Cabral. Em 31 de março, quando assumir o Guanabara, Pezão substituirá secretários e tentará passar a imagem de um político simples, avesso a luxos e afeito ao trabalho duro. Por via das dúvidas, os peemedebistas do Rio têm tratado de lembrar aos possíveis desertores de seu alto poder de persuasão entre correligionários de outros estados. Também não param de flertar, discreta mas constantemente, com Aécio, que é amigo pessoal de Cabral.

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