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Prisão de Carlinhos Cachoeira expõe elos entre o crime organizado e o mundo político

Senador Demóstenes Torres é um dos que aparecem nas gravações contidas no inquérito que levou à prisão, mostra reportagem de VEJA desta semana

Por Rodrigo Rangel e Gustavo Ribeiro
3 mar 2012, 09h31

Em fevereiro de 2004, uma gravação que mostrava o principal assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, cobrando propina de um empresário de jogos mergulhou o governo Lula em sua primeira grave crise ética. Waldomiro Diniz, amigo próximo de Dirceu e influente nas altas-rodas petistas, presidia a Loteria Estadual do Rio de Janeiro quando foi pilhado oferecendo-se para modificar o edital de uma licitação da estatal para beneficiar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em troca do favor, Waldomiro pediu propina para ele e para o partido. O encontro em que a proposta ocorreu foi gravado por Cachoeira e sua divulgação representou o primeiro abalo à imagem de guardião da ética na qual o PT sempre se apoiou. Na segunda-feira passada, oito anos depois de revelado o escândalo, a Justiça do Rio condenou Waldomiro a quinze anos de prisão e Cachoeira a dez pelos crimes de corrupção ativa e passiva e fraude em licitação.

O senador Demóstenes Torres em Brasília
O senador Demóstenes Torres em Brasília (VEJA)

A condenação de Waldomiro e Carlinhos Cachoeira aconteceu dois dias antes de uma operação da Polícia Federal que pode provocar outro tsunami político em Brasília. Na semana passada, Carlos Cachoeira foi preso. Ele comandava um esquema de jogos de azar fazia dezessete anos, que funcionava graças à cooptação de autoridades de todos os níveis. Ainda mantidas em sigilo, há no inquérito escutas telefônicas feitas com autorização judicial. Nelas, segundo os investigadores, surgem elos comprometedores entre o crime organizado e o mundo político. O senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, foi gravado em quase 300 ligações com o empresário de jogos. Segundo os investigadores, são conversas que revelam, no mínimo, uma relação muito próxima entre os dois, a ponto de o parlamentar ter ganho de Cachoeira, no ano passado, um presente de casamento avaliado em 30 000 reais.

Procurado por VEJA, o senador Demóstenes confirmou que falava com frequência com Cachoeira. “É meu amigo. É uma figura conhecida em Goiás, simpática com todo mundo, é um empresário daqui”, afirma ele. “Carlinhos não era conhecido entre nós por explorar jogos de azar. Ele tinha explorado, lá atrás, jogos legais em Goiás. Para os amigos, dizia que não mexia com nada ilegal.” O senador alega que, recentemente, muitos dos seus contatos com Cachoeira tiveram por objetivo administrar uma crise conjugal entre amigos. Sobre o presente de casamento, o senador confirma que ganhou “uma geladeira e um fogão” – ambos importados, de uma marca americana conhecida por equipar a cozinha da Casa Branca. Por envolver políticos com foro privilegiado, essa parte da investigação será encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

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