Outra testemunha afirma ter visto um homem ao volante

Até agora, nove pessoas prestaram depoimento. A nutricionista Gabriella Guerrero Pereira irá depor ainda nesta semana

Por Bruno Abbud
3 ago 2011, 21h58

Land Rover, após o atropelamento que matou o jovem Vitor Gurman na Vila Madalena, São Paulio (Reprodução/VEJA)

Nesta quarta-feira, outra testemunha afirmou que era um homem quem dirigia o Land Rover que atropelou o administrador Vitor Gurman, de 24 anos. O acidente ocorreu no último dia 23 de julho, na Rua Natingui, na Vila Madalena, em São Paulo. É o segundo depoimento que levanta a suspeita de que a nutricionista Gabriella Guerrero Pereira, que afirmou ser a motorista do veículo, estaria, na verdade, no banco do passageiro ─ enquanto seu namorado Roberto Lima, 34, ao volante.

O depoente, que não teve seu nome revelado pela polícia, trabalha como entregador de água na região de Pinheiros. Ele afirmou que, ao passar pela Rua Natingui com sua moto no dia do acidente, cruzou com uma Land Rover que estava a aproximadamente 100 quilômetros por hora. No volante, disse ter visto um homem de “pele parda e sem barba”. Depois disso, ouviu o ruído do capotamento. Parou, olhou pelo retrovisor e, de acordo com os policiais que presenciaram o depoimento, avistou uma moça saindo pela janela do passageiro.

Naquele dia, o Land Rover tombou com a janela do motorista virada para o asfalto. Nesta segunda-feira, a jornalista Ingrid Basílio, 48, foi a primeira testemunha a acusar Lima de ser o motorista. Fernando Mendes, dono do restaurante Piove, de onde Gabriella e o namorado saíram na madrugada daquele sábado, também foi ouvido pela polícia nesta quarta-feira. De acordo com ele, a nutricionista assumiu o volante do carro ao sair do restaurante.

Até agora, os investigadores do 14º Distrito Policial, onde o caso foi registrado, coletaram os depoimentos de nove testemunhas: dois policiais militares que atenderam ao chamado, um borracheiro que trabalha na Rua Natingui, um zelador da região, a jornalista Ingrid, o vendedor Henrique, o proprietário do Piove e o entregador de água. O engenheiro Roberto Lima também depôs. Nesta quinta-feira, o chefe de segurança do Piove e um manobrista serão ouvidos. Segundo José Luiz Oliveira Lima, advogado de Gabriella e Roberto, a nutricionista irá depor ainda nesta semana.

Até às 21h30 desta quarta-feira, uma acareação entre três testemunhas não identificadas estava em andamento no segundo andar do 14º DP. Nenhum policial ou advogado informou se a discussão central no confronto entre as testemunhas girava em torno da suspeita de ter sido Roberto Lima o responsável pelo acidente.

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As maiores vítimas – Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde divulgado recentemente, cerca de 400.000 jovens com menos de 25 anos morrem todos os anos no mundo vítimas de acidentes de trânsito. Os números colocam o Brasil entre os 10 países com maiores índices de mortalidade no trânsito. De acordo com o Mapa da Violência 2011: Acidentes de Trânsito, publicado em abril deste ano pelo Instituto Sangari, o país registrou, de 1998 a 2008, um total de 38.273 mortes nesse tipo de acidente.

Embora tenha diminuído 15% na década pesquisada, os pedestres ainda são as maiores vítimas do trânsito no Brasil, com 9.474 mortos em 2008 – em 1998 foram 11.227. As mortes entre ocupantes de automóvel mais que duplicaram, entre ocupantes de caminhões praticamente triplicaram e, de ciclistas, quadruplicaram. A mortalidade de motociclistas aumentou 754% na década analisada.

Em 2010, a capital paulista registrou 1.357 óbitos no trânsito – 161 pessoas a mais que as 1.196 vítimas de homicídio doloso (intencional) registradas no mesmo período. Mais de 46% desses mortos são pedestres. Vitor Gurman se encaixa no perfil da vítima padrão: homem (73% desse total), vítima de atropelamento por carros (47,7%).

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