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ACM Neto: de algoz a parceiro do PT

Crítico feroz do governo Lula no Congresso Nacional quando era deputado, o prefeito de Salvador agora se dá bem com os petistas - e não quer nem falar em política

Por Gabriel Castro, de Salvador
28 jul 2013, 08h28

Na última quinta-feira, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, convocou uma entrevista coletiva para anunciar o início da integração entre as linhas de ônibus da capital. Sentado à mesa da sala de reuniões da prefeitura, o vereador Henrique Carballal, um dos três presentes ao anúncio, pediu a palavra após a fala do chefe do Executivo. Os repórteres ainda estavam lá. “Eu quero parabenizar o prefeito pela inciativa”, disse o parlamentar. A história se torna surpreendente porque o vereador é filiado ao PT, o maior adversário do DEM de ACM Neto.

O gesto de Carballal foge à regra. Mas é preciso dizer que a recíproca é verdadeira: desde que assumiu o comando da capital da Bahia, no início do ano, o herdeiro político de Antônio Carlos Magalhães despiu-se do figurino de adversário tenaz do governador Jaques Wagner (PT) e da presidente Dilma Rousseff. Entrou em cena uma versão “suave” de ACM Neto, que em nada lembra os tempos de algoz do governo Lula no Congresso Nacional.

Parte desse clima de união vem da unanimidade causada pela desastrosa gestão de João Henrique (hoje no PP), o antecessor de ACM Neto. A posse do jovem de 34 anos parece ter dado novo ânimo à política local. Mas essa não é a única explicação para a nova postura do administrador da cidade: o prefeito herdou uma administração com problemas financeiros graves, impossibilitada de realizar convênios com a União por causa da inadimplência. O prefeito não pode abrir mão do apoio estadual e federal. ACM, que agora até deixa escapar um “presidenta”, como Dilma gosta de ser chamada, garante que não mudou de opinião – só não pode fazer política na prefeitura.

Na última quinta-feira, quando o site de VEJA conversou com ACM Neto, o prefeito só queria falar de sua gestão. Nada de política. “Neste momento a gente precisa ter uma relação construtiva, parceira, pensando na cidade. Eu não vou ficar fazendo política”, disse, enquanto se preparava para uma cerimônia em que anunciaria a construção do primeiro multicentro de saúde da cidade.

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Em quase dez anos de atuação, iniciados no momento em que o PT chegava ao governo federal, ACM Neto se destacou pela ênfase com que fez oposição. “O presidente da República, ou qualquer um dos seus que tiver coragem de se meter na minha frente, assim como disse o senador Arthur Virgílio, tomará uma surra”, afirmou o então deputado em 2005, durante o escândalo do mensalão.

Agora, o discurso é outro. “Eu não retiro nada das coisas que foram colocadas por mim ao longo de dez anos. Mas uma coisa é o papel do parlamentar de oposição, principalmente do líder de oposição. Outra coisa é o papel do prefeito”, argumenta.

Memória: ACM Neto vence o PT e é eleito prefeito de Salvador

Ao mesmo tempo em deixa as portas abertas com o PT, o prefeito soteropolitano mantém uma bem costurada aliança com o PMDB de Geddel Vieira Lima, ex-deputado e atual vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Geddel apoiou ACM Neto em 2012, e em 2014 o prefeito deverá pagar a dívida na disputa pelo governo estadual.

ACM Neto tem ciência de que sua vitória na terceira maior capital do país deu sobrevida ao DEM, que sofreu sucessivos revezes nos últimos anos. “É claro que eu, como uma pessoa partidária, com tantos amigos no DEM, não desconheço o peso que a nossa administração tem para o partido, inclusive como uma vitrine”, afirma. Além de Salvador, a única capital comandada pela sigla é Aracaju, cuja população é bem menor – cerca de 600.000 pessoas contra 2,6 milhões.

Apesar de o prefeito já ter anunciado que não vai concorrer ao governo em 2014, ele aparece acima dos outros possíveis candidatos nas pesquisas de intenção de voto. A depender da gestão que fizer na capital baiana, ACM Neto sabe que vai se credenciar para um passo além. “O meu horizonte aqui é o que eu vou fazer amanhã por Salvador”, diz. O prefeito não tem pressa porque possui um trunfo natural: a idade. Os possíveis adversários no caminho são de outra geração. Os petistas Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro têm 53 anos. Geddel Vieira, 54. A senadora Lídice da Mata, do PSB, 57. E o governador Jaques Wagner, 62.

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A ascensão do prefeito de Salvador, concomitante à decadência do DEM, motivou boatos sobre uma possível mudança de ACM Neto para o PMDB. Ele não quer nem ouvir falar do assunto. “Já disse que não vou discutir política”, atalhou. “Muito menos para especular sobre uma coisa desse tipo.”

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