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“Uma boa manchete vende”, diz pastor que criticou Anitta

Vereador Otoni de Paula, que chamou cantora de "vagabunda de quinta", reconhece que tem habilidade de chamar a atenção

Por Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 set 2017, 17h34 - Publicado em 7 set 2017, 15h34

O vereador Otoni de Paula era um ilustre desconhecido no Brasil até a semana passada. Pastor evangélico da Assembleia de Deus, ele está no seu primeiro mandato na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Um texto publicado em sua página no Facebook, no último dia 30 de agosto, o tirou do anonimato. Ao postar uma mensagem criticando a cantora Anitta, acompanhado de uma foto dela dançando, a internet explodiu em comentários. “Cantora ou garota de programa? (…) A que nossas crianças estão sendo submetidas? Anitta arrasta milhões de crianças aos seus shows, é idolatrada pelos adolescentes, mas não tem nenhuma responsabilidade”, declarou. Na primeira edição do post, havia ainda uma menção feita pelo vereador – apagada posteriormente – de que Anitta se comportava como uma “vagabunda de quinta”.

A cantora rebateu as críticas com um texto nas redes contra Otoni: “Sou cantora, empresária, compositora, coreógrafa e outros negócios (…). Dou emprego para aproximadamente cinquenta famílias. (…) Sei como é estratégico usar um nome de notoriedade na mídia para ganhar espaço próximo ao ano eleitoral”.  VEJA foi até a Câmara do Rio para ouvir Otoni e entender um pouco como pensa o vereador-pastor e agora inimigo público da cantora mais badalada do país. Abaixo alguns trechos da conversa:

O que levou o senhor a fazer um post chamando Anitta de garota de programa e vagabunda de quinta?
Recebi numa tarde fotos e vídeos dela ao lado de crianças empinando a bundinha dançando funk. Levantei-me contra essa irresponsabilidade de vermos nossa juventude erotizada. Na minha casa, por exemplo, meus filhos não ouvem. Sei que depois da Xuxa, Anitta é a artista que mais influencia as crianças. Aliás, você viu o novo clipe dela nua? A música já está promovendo até casa de strip nos Estados Unidos.

Mas o que um vereador no Rio de Janeiro e pastor da Assembleia de Deus tem a ver com isso?
Apenas proponho reflexões. Que cantoras da música brasileira tiram fotos sensualizando com as mãos em partes íntimas?  Não afirmei que ela era garota de programa. Escrevi: “cantora ou garota de programa?”. Usei a interrogação, cada um que julgue agora. Sobre o “vagabunda de quinta”, já me desculpei pelo termo. Agora, tirar o meu texto do ar, como me orientaram os advogados, nem pensar.

Não foi só para aparecer que o senhor atacou a Anitta?
Você sabe que uma boa manchete vende se chamar a atenção, né? Eu sei trabalhar com isso. Na verdade, quis apenas aguçar as pessoas com o meu post. Mas acho que o tiro saiu pela culatra. Fui bombardeado nas redes por milhares de fãs dela me xingando de tudo quanto é jeito.

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O que o senhor anda fazendo de relevante na Câmara de Vereadores?
Tenho projetos de lei tramitando e estou propondo uma CPI dos maus-tratos infantis. Quero chamar muita gente para depor, inclusive os representantes da indústria fonográfica para debater esse tipo de música. Vamos acabar atraindo mais pedófilos para o Brasil se nada fizermos. A arte tem o poder de influenciar uma sociedade inteira.

Há outros tipos de arte incomodando o senhor no Brasil?
Claro, veja como a novela Força do Querer está tratando a questão dos transgêneros. O principal canal de TV do país está pregando para meninos e meninas, sem nenhum estudo científico, que elas podem estar em corpos errados. Até vinte anos atrás isso era tratado como transtorno psíquico. A Globo está catequizando as pessoas.

Mas só por abordar o tema?
Sim, há um perigo nisso. Na adolescência temos dificuldade de saber quem somos. É claro que influencia a garotada ver duas atrizes conversando sobre a possibilidade de tomar hormônio para a barba crescer. Esse tipo de coisa está espalhada pela programação da TV. Teve uma vez, por exemplo, que a Fátima Bernardes exibiu um beijo gay na frente de crianças para ver qual seria a reação delas. Acho apelativo. Meu ponto é: não se fazem mais gays como o Astolfo, ou a Rogéria, como você preferir, que morreu nesta semana.

O que o senhor quer dizer com isso?
Rogéria nunca saiu por aí beijando ninguém, nem precisou fazer cirurgia para trocar de sexo. Não brigava, muito menos ficava de mimimi. Era um verdadeiro gay de elite.

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