‘Scott Pilgrim Contra o Mundo’, o filme, é para quem conhece ‘Scott Pilgrim’, quadrinhos
Recheada de referências a bandas, filmes, séries e jogos, produção de Edgar Wright é cultuada por seus fãs, mas estreou mal nos Estados Unidos
Alguns apontaram que platéias de mais de 30 anos não se interessaram pelas aventuras de moleques de 20 anos falando de games e indie rock. Outros disseram que os adolescentes também não ligaram para as referências a jogos clássicos como Atari e até séries como Seinfeld
A melhor definição para leigos sobre o que é Scott Pilgrim Contra o Mundo vem de seu diretor, Edgar Wright. O cineasta inglês, diretor do divertido filme de zumbis Todo Mundo Quase Morto, disse que o longa foi feito como um musical, mas em vez de os personagens interromperem a realidade para cantarem, eles entram em uma luta no estilo dos videogames. Os leigos, no caso, são aqueles que não conhecem a série de histórias em quadrinhos no qual a produção foi baseada: Scott Pilgrim, de Bryan Lee O’Malley, publicada entre 2004 e 2010, que utiliza elementos de games e mangás, e repleta de referências à cultura pop.
Assim como a fonte, o filme é encharcado de referências a bandas, filmes, séries de TV e jogos eletrônicos. Não foram apenas esses ingredientes que conquistaram os fãs, mas também seu visual e ritmo, com cortes velozes, inserção de elementos gráficos típicos de quadrinhos e muitos truques de edição e montagem, que surgem incessantemente na tela. E muito humor, com piadas rápidas e espertas. Isso tudo embala a história do anti-herói Scott Pilgrim, um rapaz de 22 anos que toca baixo em uma banda de garagem e se apaixona por uma moça estilosa de cabelos pintados, Ramona Flowers.
https://youtube.com/watch?v=xgOLmjhxVVU
Seu maior desafio não é apenas conquistar a moça ao mesmo tempo em que tem que se desvencilhar da atual namorada – uma colegial chinesa – e se esforçar para ter um contrato com uma gravadora. A meta é maior e surreal: vencer os sete ex-namorados do mal de sua nova musa. É aí que entram as batalhas de Pilgrim, que mesmo interpretado pelo franzino e popular Michael Cera (de Juno e Superbad – É hoje), aparece com força e habilidades sobre-humanas para enfrentar os adversários e lutar por sua sobrevivência. Entre outros nomes interessantes na produção estão Kieran Culkin (A Estranha Família de Igby), como o amigo gay do protagonista; Chris Evans (o Tocha Humana de Quarteto Fantástico e o próximo Capitão América do cinema), como um dos ex-namorados de Ramona; e o cantor e compositor Beck, que fez as músicas da banda de Pilgrim.
Mesmo com tanta expectativa e sendo tão bem executada, criativa e inovadora, a produção não estreou tão bem nas bilheterias americanas, deixando seus entusiastas se perguntando o motivo do fracasso. Alguns apontaram que plateias de mais de 30 anos não se interessaram pelas aventuras de moleques de 20 anos falando de games e indie rock. Outros disseram que os adolescentes também não ligaram para as referências a jogos clássicos como Atari e até séries como Seinfeld. E ainda há os que apontaram que nem os geeks se identificaram com o personagem principal, já que em vez de ficar enfurnado na casa dos pais diante do computador, ele tem uma banda e bom histórico de conquistas amorosas. Com tudo isso, Scott Pilgrim Contra o Mundo é um cult-movie típico. Aquele do qual poucos gostam, mas gostam muito, e pega bem gostar.