Santander (Espanha), 27 jun (EFE).- Representantes políticos e empresariais espanhóis destacaram nesta quarta-feira o ‘sucesso’ da aposta pela América Latina e as grandes possibilidades de investimentos e a troca comercial que a região oferece no contexto econômico atual.
‘A comunidade ibero-americana é hoje mais do que nunca uma oportunidade coletiva’, resumiu a vice-presidente do Governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, ao abrir em Santander (norte da Espanha) o 11º Encontro Santander-América Latina, organizado pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo (UIMP) e o Banco Santander.
Sáenz de Santamaría também ressaltou o interesse de seu Executivo em ‘renovar a relação com a América Latina superando velhos obstáculos’, ‘como a igualdade’ e ‘o respeito mútuo’.
A América Latina se posicionou nos últimos anos ‘como um dos motores da economia global’, destacou por sua vez o diretor-geral da Divisão América Santander, Javier Zabalza, que se mostrou convencido de que a boa trajetória recente da região – que representa mais de 8% do PIB mundial – se manterá nos próximos anos.
‘Mais do que nunca se demonstra o valor da estratégia de diversificação do Banco Santander e como a aposta contínua nos países da região e na região em seu conjunto foi um sucesso’, disse Zabalza.
O diretor afirmou que a instituição presidida por Emilio Botín está concentrada ‘em crescer’ na América Latina, ‘não em vender’, e lembrou sua presença ‘relevante’ em Brasil, Argentina, México, Chile, Peru, Porto Rico e Uruguai.
De acordo com sua estimativa, ‘o cenário previsto é que a região continue crescendo nos próximos anos a taxas de 4%’, mas Zabalza alertou para alguns riscos, como uma tendência muito negativa dos preços das principais matérias-primas ou o fechamento generalizado dos mercados financeiros globais.
No entanto, ‘há razões para pensar que a situação da América Latina continuará sendo positiva’, afirmou.
Esse otimismo se justifica, segundo sua opinião, pela pirâmide demográfica da região, o avanço das classes médias, a redução da pobreza, taxas de inflação muito controladas, endividamento em níveis moderados, um enorme potencial exportador e uma relevância crescente como foco de investimento estrangeiro direto.
A região recebeu no ano passado US$ 153 bilhões, 10% dos fluxos mundiais de investimento estrangeiro. A Espanha é o segundo maior investidor mundial na América Latina, superada apenas pelos Estados Unidos, uma economia dez vezes superior à espanhola, destacou a vice-presidente, que atribuiu essa circunstância ‘à profunda vocação ibero-americana’ da Espanha.
No entanto, como destacou a conselheira delegada do Instituto de Comércio Exterior (ICEX), María del Coriseo González-Izquierdo, as exportações espanholas se concentram na zona do euro.
Segundo os últimos números disponíveis, correspondentes ao primeiro quadrimestre de 2012, do total das exportações espanholas, 65% foram para a União Europeia, frente a 5,8% para a América Latina.
‘Isso evidencia a necessidade de diversificar nossas exportações’, disse González-Izquierdo, que destacou como ‘as empresas espanholas já estão se movimentando’ tanto na Ásia como, ‘com grande interesse’, na América Latina.
As exportações latino-americanas aos países desenvolvidos, seus principais parceiros comerciais, caíram de 75% em 2000 para 61% em 2011, enquanto a Ásia-Pacífico aumentou seu peso de 2% para 13%, com a China como grande ator. EFE