LISBOA, 14 Abr (Reuters) – A diretoria da maior fabricante de cimentos de Portugal, a Cimpor, afirma que a oferta de compra feita pela brasileira Camargo Corrêa é muito baixa e não tem detalhes sobre seus planos para o futuro da Cimpor. Mesmo assim, ela não fará recomendações aos acionistas sobre se devem vender ou manter suas fatias.
A Camargo Corrêa, segundo maior grupo de construtoras do Brasil, ofereceu 5,5 euros (7,20 dólares) por ação para comprar, no fim do mês, os 67,1 por cento da Cimpor dos quais ela não é dona.
Especialistas apostavam que a oferta seria aceita, pois dois grandes acionistas disseram estar preparados para vender suas partes. Contudo, a opinião da diretoria, publicada em comunicado na sexta-feira, pode complicar o processo ou exigir aumento na oferta.
A Camargo Corrêa já é, isolada, a maior acionista da Cimpor, e as ações restantes estão avaliadas em 2,4 bilhões de euros.
O comunicado da Cimpor afirmou que a oferta não inclui um prêmio por assumir o controle da companhia e não possui detalhes sobre o que acontecerá com os ativos, perfil de dívidas e política de dividendos da Cimpor.
“Pelas razões acima, a diretoria não está em posição de recomendar aos acionistas que negociem suas ações, já que o preço é baixo e deprecia significativamente a Cimpor e, na ausência de adequadas informações sobre o futuro da Cimpor, a diretoria também não pode recomendar que os acionistas mantenham seus investimentos”, disse.
O conglomerado português Semapa propôs, no começo desta semana, que alguns acionistas da Cimpor deveriam formar uma holding para tentar manter a empresa em mãos portuguesas. Essa medida não representa uma contra-oferta, mas a Semapa disse que leva o preço da ação para 5,75 euros.
A Camargo Corrêa afirmou que o preço oferecido é justo e espera que os acionistas da Cimpor aproveitem essa “boa oportunidade”, mas não afirmou se considera a possibilidade de aumentar a oferta.
(Reportagem de Sergio Gonçalves e Andrei Khalip)