Por Isabel Versiani
CANNES, França (Reuters) – A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira aos demais líderes do G20 que o Brasil segue pronto para contribuir com recursos para o Fundo Monetário Internacional (FMI) na busca de uma solução para a crise na Europa.
A presidente disse, ainda, que o governo brasileiro não irá se opor à criação de uma taxa financeira mundial se houver consenso entre os países a favor da ampliação de investimentos sociais.
Seus comentários foram feitos durante sessões de trabalho dos chefes de Estado do grupo em Cannes, onde ocorre a reunião anual de cúpula do grupo, segundo relato de fonte familiarizada com o encontro.
A França é a principal defensora da ideia de uma nova taxa sobre transações financeiras, com objetivo arrecadatório. A proposta, contudo, encontra forte resistência dos bancos e de países como a Grã Bretanha.
Em almoço que marcou o início oficial da reunião de cúpula do G20, Dilma manifestou preocupação de que a atual crise respingue nos países emergentes e frisou a importância de o grupo pensar em medidas que possam alavancar o crescimento global.
Mais tarde, em uma segunda sessão, Dilma frisou para o G20 que a crise econômica já provocou problemas cambiais e ampliação da liquidez global, afetando “muito” países como o Brasil. Para a presidente, a questão cambial deve ser tema de discussão internacional na próxima conferência da Organização Mundial do Comércio, a ser realizada em dezembro.
PATRIMÔNIO
A expectativa na semana passada era de que o G20 pudesse definir um modelo de apoio ao plano de resgate da Grécia aprovado pela União Europeia. O Brasil vinha afirmando sua disposição de fornecer mais recursos via acordos bilaterais com o FMI que pudessem se traduzir no compromisso de futuros aumentos de cotas na instituição.
As incertezas em torno da zona do euro, contudo, se aprofundaram após o anúncio pelo governo grego de que haveria um plebiscito para consultar a população sobre o plano de resgate. Em meio a preocupações crescentes de que a Grécia possa deixar a moeda comum europeia, diminuiu a expectativa de que o grupo, e em particular a China, possa se comprometer com uma ajuda mais substancial a Atenas.
Dilma afirmou que o Brasil é solidário com a Europa, mas defendeu que as dificuldades demandam liderança e uma ação clara e rápida. A Europa é um “patrimônio democrático” que precisa ser preservado, disse a presidente.
Pela manhã, antes da abertura dos trabalhos do G20, Dilma participou de encontro com os demais líderes dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Na reunião, segundo a delegação chinesa, o grupo trocou impressões sobre a situação econômica global e discutiu a crise de dívida da Europa.
Ainda durante a manhã, Dilma teve reuniões bilaterais com o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, e com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong.
Na sexta-feira, segundo e último dia da cúpula, Dilma terá um encontro bilateral com a chanceler alemã Angela Merkel antes das sessões do G20. A expectativa de sua assessoria é que ela conceda uma entrevista à imprensa após as reuniões.
Durante o almoço do G20, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu a Dilma que transmitisse ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desejos de uma pronta recuperação.
Lula foi diagnosticado com câncer de laringe e esta semana deu início a um tratamento quimioterápico.
“Nós o amamos”, afirmou Sarkozy, que está na presidência do
G20.
(Edição de Eduardo Simões)