Por Fátima Laranjeira
São Paulo – Os investidores estrangeiros retiraram R$ 281,493 milhões em recursos da BM&FBovespa em julho, quando foram responsáveis por compras de R$ 49,940 bilhões e vendas de R$ 50,222 bilhões entre os dias 2 e 31. No último pregão do mês passado, na terça-feira, ingressaram com R$ 182,951 milhões.
No acumulado do ano, a Bolsa registra superávit de R$ 1,893 bilhão em investimentos externos. O resultado positivo de 2012 é influenciado pela forte entrada de capital internacional em janeiro, antes da deterioração das condições externas, quando somou R$ 7,168 bilhões. Fora o primeiro mês do ano, apenas abril teve saldo positivo e bem menor, de R$ 473,919 milhões.
Segundo um profissional do mercado, o fluxo de investimentos externos em julho poderia ter sido positivo não fosse o pregão de 16 de julho, quando houve a saída expressiva para um dia, de R$ 899 milhões. “Nesse dia teve uma operação grande, mas também era vencimento de opções, e aí é difícil estimar o impacto do negócio, mas provavelmente teve forte influência”, diz, referindo-se à liquidação naquela data da compra da Brazilian Finance & Real Estate (BFRE) pelo BTG Pactual e Banco Panamericano.
Apesar disso, o cenário não animou os estrangeiros a ingressar na Bolsa brasileira, informa o chefe do departamento de análise da SLW Corretora, Pedro Galdi. “O cenário continua incerto, com os bancos centrais postergando ao máximo a tomada de medidas para ajudar as economias”, afirma, descrevendo que o primeiro trimestre do ano foi fraco, o segundo estagnado e o terceiro começa complicado.
Na visão dele, as perspectivas se mantêm no curto prazo, com grande aversão ao risco entre os investidores, apesar de a Bolsa estar barata. “Apenas em setembro o mercado aguarda alguma ação dos BCs”, diz Galdi, ainda que, no Brasil, as medidas de estímulo à economia devam começar a fazer efeito mais para o final do ano.
Compradores
Em julho, os maiores compradores na Bolsa foram as empresas públicas e privadas, com ingresso de R$ 804,529 milhões. O montante foi influenciado pela grande entrada do dia 16 de julho. Em seguida, vieram os investidores institucionais com saldo positivo de R$ 484,488 milhões e as instituições financeiras, com R$ 134,704 milhões.
Já as pessoas físicas lideraram as retiradas, com R$ 1,144 bilhão. “Este investidor está retraído com a piora do cenário. Entra e perde, o que o afugenta”, diz Galdi.
Os estrangeiros responderam por 19,93% das compras no mês passado na Bovespa, seguidos pelos institucionais, com 15,76%. As pessoas físicas ficaram com 9,69%, as instituições financeiras, com 3,68%, e as empresas públicas e privadas, 0,93%.