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Crise e paralisação de reformas prejudicam recuperação econômica

De acordo com especialistas, a pulverização do apoio de Temer após o episódio faz com que o quadro econômico do país -já mau- se complique mais

Por Vinicius Pereira
19 Maio 2017, 14h40

A economia brasileira sofrerá com os efeitos negativos da crise política deflagrada pela divulgação de áudios feitos pelo dono da JBS, Joesley Batista, que gravou conversas com o presidente Michel Temer (PMDB). Depois das gravações virem à tona, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu que Temer fosse investigado por obstrução da Justiça e corrupção passiva.

De acordo com especialistas, a pulverização do apoio de Temer após o episódio faz com que o quadro econômico do país se complique ainda mais. Se por um lado a dificuldade em aprovar reformas aumentou substancialmente, por outro, o abatimento do governo promete frustrar investimentos. Essa combinação prejudica a tentativa de recuperação econômica. O que ainda não é consenso, contudo, é qual a dimensão desse impacto.

“A crise afeta mais no longo prazo. Essa inanição do governo frustra tanto investimentos públicos quanto privados. O público depende da aprovação [no Congresso] e quebrou-se essa sintonia entre legislativo e executivo”, afirma o economista e professor do Insper Otto Nogami. “O investimento, no sentido mais amplo, é elemento indutor da economia”, diz.

A paralisação das reformas trabalhistas e da Previdência, eixos centrais do governo Temer, também deverá afetar a economia do país, pois deve impacta a questão fiscal -já combalida.

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“Se a reforma [da Previdência] não acontece, a questão fiscal não se resolve e esse é o nosso nó. O problema que enfrentamos é proceder um ajuste fiscal, mas um ajuste fiscal é doloroso, recessivo, porque implica ou em redução de receitas ou aumento de impostos –com reflexos recessivos”, afirma Mauro Rochlin, economista e professor da FGV.

Segundo ele, as reformas se tornaram impraticáveis. “Essas reformas se tornam inviáveis, diante de um governo que se mostra incapaz de angariar apoio necessário para implementar as mudanças”, analisa.

Há também a avaliação de que a trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic) seja interrompida caso o dólar se mantenha em um patamar alto e, assim, pressione a inflação. Dessa forma, caberia ao governo segurar a queda da taxa para ‘brigar’ contra a inflação.

André Perfeito, da Gradual Investimentos, até vê um aumento do dólar, mas de forma mais contida e sem grandes impactos por aqui. “O dólar não vai disparar a R$ 4”, afirma. Para ele, a situação da economia permanecerá mais ou menos estável até 2018, quando a eleição poderá validar um candidato com respaldo.

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“O problema do Brasil é político, não econômico. As pessoas têm que parar de ter medo de político e debater. A discussão sobre reformas de médio e longo prazo é politica. Agora vai ser discutida via população em 2018. Não sei se vai ser bom, não sei!”, diz ele.

“A projeção de crescimento para este ano é 0,1%. Não vai alterar. Para o ano que vem 2%, pode cair um pouco, mas todo mundo já sabia, pois o governo Temer não tratava do curto prazo”, avalia Perfeito.

Desemprego

Os 14 milhões de desempregados, que esperavam notícias positivas do mercado de trabalho, podem se frustrar. Com o desarranjo do quadro econômico, a previsão é de que a sonhada melhora não chegue tão cedo.

“As noticias são muito ruins para quem está desempregado e estava na expectativa de que a recuperação estava na próxima esquina. Tudo isso estava na dependência dessa reforma da Previdência e estabilidade na relação dívida/PIB com relação a questão fiscal”, diz Rochlin.

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Na avaliação de Ogami, se a situação não melhora, ao menos não piora. “Pela falta de investimentos, a retomada da criação de novos postos de trabalho se adia, então pelo menos um ‘conforto’, e coloque entre aspas, que podemos ter no atual cenário é que não há uma perspectiva do aumento do desemprego”, conclui.

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