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Brasil promete pagar ‘dívida de solidariedade’ com a África

Por Por Laura Bonilla
3 Maio 2012, 19h10

As maiores empresas brasileiras, que tiveram como seu ilustre representante o ex-presidente Lula, prometeram investir mais e promover transferência de tecnologia para saldar a “dívida de solidariedade” que o Brasil, país com a maior população afrodescendente, possui com o continente mais pobre do planeta.

“O Brasil tem que começar a pagar a dívida de solidariedade que temos com a África”, afirmou nesta quinta-feira Lula, que durante seu governo de 2003 a 2010 deu um grande impulso às relações com o continente, em seu primeiro discurso público desde que foi diagnosticado com câncer de laringe em outubro.

O Brasil, sexta maior economia do mundo, “só tem a força que tem hoje porque, durante os mais de 300 anos de escravidão, contamos com o suor e o sangue de milhões de africanos”, lembrou.

Um a um, os presidentes das maiores empresas estatais e privadas brasileiras, de Petrobras e Vale até a Odebrecht e o BTG Pactual atenderam à convocação de Lula prometendo mais investimentos para a África em um seminário organizado pelo BNDES, que, por sua vez, garantiu financiamento a elas.

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Apesar de todos terem reconhecido que ainda há um longo caminho a percorrer, as boas notícias sobre a África se acumularam nos discursos, marcando a diferença em relação ao final dos anos ‘1990, quando 11 guerras assolavam o continente.

“É gratificante saber que o PIB do continente cresce há 10 anos a taxas robustas e deve crescer quase 6% em 2012. Que a chamada classe média na África já ultrapassa a marca de 300 milhões de pessoas. Que o número de jovens em escolas e universidades está crescendo. Que mais de 430 milhões de africanos usam celular”, lançou Lula, que instou os empresários a investir em energia e em agricultura.

Carlos Lopes, designado em março chefe da Comissão Econômica da ONU para a África, lembrou, por sua vez, que “este ano a Líbia terá um crescimento do PIB de 76%; Serra Leoa, de 35%; e Congo, Angola e Moçambique terão taxas de crescimento de dois dígitos”.

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“As oportunidades de investimentos na África são extraordinárias”, considerou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Coutinho sugeriu explorar investimentos em agricultura e em energia, mas também em transporte, tecnologia, equipamentos agrícolas, telecomunicações, petroquímica, automóveis, serviços bancários e farmacêutica.

Ele ressaltou que existe um déficit de financiamento, e que, por esse motivo, o BNDES garante seu “compromisso como banco nacional de ajudar e robustecer esse desafio”.

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Os empresários brasileiros manifestaram seu interesse em seguir competindo com a China pelos recursos minerais e pelos mercados da África, mas asseguraram que será de uma maneira sustentada e com responsabilidade social.

André Esteves, presidente do banco de investimentos BTG Pactual, o principal do ramo no Brasil, anunciou durante o seminário a criação de um fundo de investimentos de 1 bilhão de dólares destinados à África, que será o maior do mundo para o continente.

“Esta é uma prova da enorme confiança e da afinidade que o Brasil tem com esta região do mundo”, disse Esteves.

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“A África é um mercado novo excepcional”, assegurou a presidente da Petrobras, Graça Foster, embora tenha pedido avanços nos marcos regulatórios nacionais “para continuar investindo”. Atualmente, a Petrobras está presente em sete países africanos.

A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, está presente em nove países africanos com investimentos de 7,7 bilhões de dólares, que “justificam o nosso entusiasmo em investimentos de longo prazo”, indicou seu presidente, Murilo Ferreira.

“Temos projetos de cobre, de carvão. Queremos fazer mais (investimentos) em cobre, níquel e minério de ferro (…), mas queremos fazer de maneira sustentada”, respeitando o meio ambiente e com senso de responsabilidade social, acrescentou.

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A Vale também moderniza e constrói 900 km de vias férreas, além de um porto de águas profundas em Moçambique, ressaltou Ferreira, que se queixou apenas da burocracia africana, que considerou, inclusive, “pior do que a daqui”.

Emilio Odebrecht, presidente da construtora Odebrecht, presente há 30 anos na África, frisou que o continente deve se desenvolver “com os africanos” e não “para os africanos”, e pediu “educação, educação e mais educação”.

“Temos que tentar agregar valor às matérias primas da África e não sermos só exportadores de commodities”, considerou.

Segundo números oficiais, as exportações do Brasil para a África passaram de 2,4 bilhões de dólares em 2002 para 12,2 bilhões em 2011, e o comércio total passou de 4,3 bilhões de dólares em 2000 a 27,6 bilhões em 2011.

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