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O ‘asteroide-charuto’ e um clássico da ficção científica

Descoberta do Oumuamua guarda coincidências com o livro 'Encontro com Rama', que relata o primeiro contato da humanidade com um objeto interestelar

Por Ricardo Helcias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 nov 2017, 17h50 - Publicado em 22 nov 2017, 15h36

Um misterioso objeto de formato alongado vindo dos confins da galáxia cruza o sistema solar intrigando – e fascinando – cientistas da Terra. Esse cenário descreve os acontecimentos dos últimos dias na astronomia, com a descoberta do asteroide Oumuamua, mas também é a sinopse de um clássico da ficção científica publicado quatro décadas atrás.

Escrito em 1973 pelo britânico Arthur C. Clarke (1917-2008), Encontro com Rama conta a história do primeiro contato da humanidade com um objeto originário de fora do sistema solar. Inicialmente catalogado como asteroide 31/439, o corpo celeste forasteiro recebe um upgrade e é rebatizado com o nome do deus hindu Rama quando suas características únicas ficam evidentes.

“O objeto era um errante solitário entre as estrelas, fazendo sua primeira e última visita ao sistema solar – pois movia-se tão depressa que o campo gravitacional do Sol jamais poderia capturá-lo. Iria passar como um raio pelas órbitas de Marte, Terra, Vênus e Mercúrio, ganhando velocidade no caminho, até contornar o Sol e partir novamente rumo ao desconhecido”, relata o livro.

Na obra, uma sonda enviada para estudar Rama descobre – spoiler! – que o asteroide de formato cilíndrico é na verdade uma espaçonave alienígena.

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Os ecos do clássico de Clarke, um dos três gigantes da era de ouro da ficção científica ao lado de Isaac Asimov e Robert Heinlein, não passaram despercebidos pelos cientistas envolvidos na observação do Oumuamua. “Pareceu bastante com o começo de Encontro com Rama“, reconheceu o belga Olivier Hainaut, do Observatório Europeu do Sul (ESO), ao comentar a descoberta.

Diferenças

O fato de que, tanto na realidade quanto na ficção, o primeiro objeto interestelar detectado tenha um formato alongado tão incomum e diferente de qualquer outro corpo celeste já observado é a semelhança mais marcante entre Oumuamua e Rama – mas há também diferenças fundamentais. A rocha descoberta agora possui 400 metros de comprimento e cerca de 40 metros de largura, e gira em torno de si mesma uma vez a cada 7,3 horas, enquanto a criação de Clarke é um colosso de 40 quilômetros de comprimento que completa uma volta a cada quatro minutos, usando a força centrífuga para simular uma gravidade parecida com a da Terra.

No livro, Rama é descoberta perto de Júpiter, dando tempo para os cientistas do ano 2130, quando se passa a história, organizarem uma expedição ao objeto. Na vida real, Oumuamua só foi detectada quando já estava passando pelo Sol e rumando para fora do nosso sistema. Ao contrário da ficção, jamais poderemos ver de perto nosso primeiro visitante interestelar, que seguirá com seus mistérios numa jornada de milhões de anos pela galáxia.

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