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A GRITARIA DOS PELADOS

Reconheço que sou bastante duro com as coisas que repudio em política, mas vocês sabem que sou meio cismado com palavras: quase nunca recorro ao vocabulário escatológico ou a termos que remetam a coisas asquerosas. Mas lá vou eu: uma nota emitida por aqueles “estudantes profissionais” de Brasília que pedem intervenção no Distrito Federal me […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 15h54 - Publicado em 17 fev 2010, 18h36

Reconheço que sou bastante duro com as coisas que repudio em política, mas vocês sabem que sou meio cismado com palavras: quase nunca recorro ao vocabulário escatológico ou a termos que remetam a coisas asquerosas. Mas lá vou eu: uma nota emitida por aqueles “estudantes profissionais” de Brasília que pedem intervenção no Distrito Federal me embrulhou o estômago. Mas isso é pouco: fiquei foi com vontade vomitar mesmo. E seria decoroso fazê-lo sobre a cabeça daqueles valentes.

Não, não passavam de 20 os asquerosos. Mas eles merecem este post. Merecem porque as TVs tendem a lhes dar grande importância, tomados como exemplos de uma cidadania ativa, realmente preocupada com a moralidade pública. Há quem os trate como verdadeiros juízes do bom, do belo e do justo.

Desde o primeiro dia desta crise do DF, tenho escrito aqui: que Arruda se dane segundo os rigores da lei. Mas tenho dito mais: por mim, ele jogaria dominó na Papuda com os 40 do mensalão, com os aloprados do dossiê e com aqueles que quebraram o sigilo do caseiro Francenildo — Jorge Mattoso não só está solto, lépido e fagueiro; ele também se tornou “entrevistador” de Dilma num livro a ser lançado amanhã pelo PT…

Mas volto àqueles falsos estudantes, àqueles esbirros partidários disfarçados de indignados cívicos.

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As duas dezenas de militantes que compõem o movimento “Fora Arruda” recepcionaram Lula, de volta ao Centro Cultural Banco do Brasil, para onde foi transferido seu gabinete por causa da reforma do Palácio do Planalto, com as seguintes palavras de ordem:
“Ô Lula, não enrola, intervenção federal, agora”;
“Lula não arrodeia, bota também o Paulo Octávio na cadeia”.

A ignorância pode ser constrangedora, mas meu estômago não é assim tão fraco. Ninguém afirmou àqueles taludos da capital federal, alimentados a sucrilho, parte da elite intelectual brasileira (Deus meu!!!), que um presidente da República não tem poderes para decretar intervenção ou para prender pessoas. São tarefas do Judiciário. Mas eles querem, como se nota, uma ditadura unipessoal, de que seriam, está posto, os tontos-maCUTs. E estranho que não estivessem de peito e bilau de fora. Há alguns manifestantes de Brasília que não hesitam: basta que discordem do argumento de um adversário, eles logo usam a sua melhor arma retórica: mostram a bunda.

Não, não foi isso que me enojou. Eles decidiram ler uma carta aberta ao presidente Lula. Nela, há o seguinte trecho:
“Querido Luiz Inácio. Em um passado recente houve acusação de que o senhor mantinha relação com o mensalão. Até onde sabemos, nada ficou comprovado. Esperamos que agora o senhor não estabeleça relação com mensaleiro comprovado e documentado”.

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Entenderam? A cartinha tem um dupla função: pedir a punição daqueles que eles já consideravam adversários houvesse ou não falcatruas e declarar a inocência dos petistas. Para eles, os mais de R$ 50 milhões que Marcos Valério movimentou para o PT — tudo dinheiro não declarado, ilegal — e os US$ 10 milhões que Duda Mendonça confessadamente recebeu no exterior para fazer a campanha de Lula em 2002 não passam de meras “acusações sem provas”, um boato…

O mais inteligente deles, tapando o traseiro e tentando usar o cérebro, ainda poderia contra-argumentar: “Estamos dizendo que não há provas contra o presidente, já que o procurador-geral nem o incluiu nas denúncias”. Pois é: por enquanto, Paulo Octávio também não foi incluído. Ou será que um tem a presunção da inocência apesar das provas, e o outro, da culpa, mesmo sem elas?

Essa gente está é pelada de qualquer senso de decência, isto sim. Eu defendi há pouco a expulsão de Paulo Octávio do DEM (ver post abaixo) — e, por conseqüência, a sua renúncia. Porque uso só um peso e só uma medida. Quando sugeri a cena quase bucólica — imagino que a Papuda seja cercada de verde (ignoro) — de Arruda jogando dominó com Dirceu naquele lugar aprazível, é porque penso na mesma punição para crimes idênticos.

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Estes são os moralistas que estão nas ruas… O seu traseiro metafórico é ainda mais feio do que o seu traseiro de fato.

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