Notas infladas:
1) VEJA: O PMDB se uniu em torno da bandeira: não aos impostos e sim ao corte de gastos. Para o partido, o único jeito de alcançar um orçamento superavitário é abrir mão dos programas sociais que ajudaram a edificar os governos petistas (e iludir os pobres). Os caciques peemedebistas, contudo, definiram que não assumirão a paternidade de qualquer corte impopular. As propostas terão de vir do governo emparedado de Dilma Rousseff.
2) Eduardo Cunha sobre mais impostos: “Acho que é uma estratégia de desgaste do governo. Eles [governo] estão se autodestruindo, porque [assim] você está fazendo Maquiavel ao contrário, está fazendo o mal aos poucos e o que é pior: sem concretizá-lo. Você ameaça o mal. Então, é de uma falta de inteligência inominável. Só pode ser uma estratégia contra o governo. Se isso é uma estratégia de lançar balão de ensaio, é contra ele mesmo”. É mesmo um governo inominável.
3) O senador Magno Malta chamou a ideia do governo de decretar novos impostos, sem aprovação do Congresso, de “fim do mundo, mais do que o fim do mundo que aí já está”. Só Dilma, de fato, é capaz de impor um duplo fim ao mundo.
4) Valor: “Governo desiste de MP e vai enviar projeto de lei sobre repatriação”, a fim de arrecadar dinheiro para fechar as contas deste ano. O que petistas como Delcídio Amaral anunciam num dia já não vale nada no outro. O desgoverno é total.
5) Cunha sobre o impeachment: “Vou começar a decidir os pedidos que estão aí pela ordem que entraram. Estou lendo e alguma coisa vou decidir já. Mas vou decidir no meu tempo, não no tempo da pressão, mas no tempo da efetividade do que posso fazer”. Talvez seja só o tempo de o grupo pró-impeachment da Câmara adicionar ao pedido protocolado por Hélio Bicudo peças de Ives Gandra Martins e Miguel Reale Júnior para torná-lo ainda mais consistente.
6) O TCU deve reprovar as contas públicas de Dilma, segundo o Valor, o que facilita ainda mais a abertura do processo de impeachment.
a) Um ministro disse ao jornal: “Na minha avaliação, o quadro (de reprovação das contas) é irreversível. Hoje eu saio para jantar e as pessoas perguntam sobre as ‘pedaladas’; cobram uma posição firme nossa”.
b) Outro ministro disse que não vê outro caminho que não seja acompanhar o relator Augusto Nardes no voto pela rejeição. Para ele, o maior problema de Dilma não está nas “pedaladas” fiscais, mas na edição de decretos que ampliaram ilegalmente os gastos. “Desse vai ser difícil ela se livrar, pois foi ela quem assinou”.
c) Um terceiro integrante do colegiado, “convicto em seu voto contra o governo”, diz que o tribunal tem que cumprir seu papel e depois deixar as consequências para o Congresso, que é o responsável legal pela efetiva aprovação ou rejeição das contas: “Se eu me convencesse (dos argumentos da presidente), não teria dificuldades para votar a favor. Mas não vou violentar minhas convicções apenas porque há um circo político armado à espera da nossa decisão. O que vai acontecer depois não é problema do TCU”.
Os votos dos três, mais o de Nardes, já somam 4. Tic-tac, Dilma, tic-tac.
7) Cristiano Romero, do Valor, mostra que o empresariado finalmente abandona o Titanic Dilma:
“A ideia de que só se consegue gerar saldos positivos nas contas públicas quando a economia cresce é cara a Nelson Barbosa, um dos ideólogos da Nova Matriz Econômica.
Quando afirma que o Brasil precisa crescer para superar o problema fiscal, o ministro do Planejamento quer dizer o seguinte: é preciso abandonar as metas fiscais de curto prazo, aumentar o investimento público, deixar a dívida crescer e, por conseguinte, tolerar taxas de câmbio e inflação mais elevadas, combustíveis necessários para a retomada da expansão do PIB.
Na prática, as ideias de Barbosa inviabilizam a presença de Joaquim Levy no governo. Sem Levy e sem o ajuste, os empresários, os mesmos que há algumas semanas se manifestaram contrários ao impeachment da presidente, retiram o apoio que vinham dando. Seria o fim da concertação que ajudou a classe política a serenar os ânimos em Brasília”.
Amém.
8) Geração de empregos formais em 2014 foi a pior desde 1999, com 623.007 vagas, segundo levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho. Em 2015, a tendência é que seja pior ainda – até negativa. Dilma não tem a menor condição nem credibilidade “pra gerar mais emprego”, como anunciava que iria fazer.
Seu destino é colher o desemprego que plantou.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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